Viajar de veleiro



A maravilha de se viajar de veleiro é que basta que se decida ir para algum lugar, tudo que se tem que fazer é levantar a âncora,içar velas e ir embora.Essa sensação de liberdade é fabulosa,é quase como ter asas e voar livremente,basta bate-las.

Helio Setti Jr.

Tem que ir, ver e sentir!


"...Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu, para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor, e o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o seu próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver..."


Amir Klink



segunda-feira, 20 de abril de 2015

Conheça a história do naufrágio do transatlântico Wilheim Guslöff, na Segunda Guerra Mundial

 

Há 65 anos acontecia o maior naufrágio do mundo. Mas, até hoje, pouca gente ouviu falar dele

Na noite de 30 de janeiro de 1945, o transatlântico Wilhelm Gustlöff deslizava pelas águas geladas do mar Báltico rumo a oeste. Sua missão: evacuar milhares de alemães que fugiam das tropas soviéticas durante a Segunda Guerra. Os capitães Friederich Petersen e Wilhelm Zahn iniciaram o percurso enfrentando névoa, blocos de gelo e ondas altas, mas perto das 21h eles abriram uma garrafa de conhaque para fazer um brinde: o pior já havia passado. O festejo durou pouco. Logo depois, o navio seria protagonista do maior desastre naval de todos os tempos. O número de vítimas ainda gera debate, mas vários pesquisadores estimam em cerca de 9 mil - o equivalente a seis Titanics. Ao contrário do navio britânico, porém, a tragédia do Gustlöff ainda é quase desconhecida.


De passeios a resgates

O navio de cruzeiro mais avançado do mundo. Assim os alemães receberam o Wilhelm Gustlöff na sua festa de inauguração, em 1937. Hitler queria surpreender o mundo com o colosso de 208,5 metros e 25 mil toneladas, que tinha capacidade para 1880 pessoas - entre passageiros e tripulantes. Uma bela propaganda para o poderio do Terceiro Reich.
Mas com o início da Segunda Guerra, em setembro de 1939, a Alemanha o transformou em navio-hospital.
Assim, uma faixa verde foi pintada ao longo do casco e cruzes vermelhas substituíram os emblemas da KdF. Nos meses seguintes, a embarcação gigantesca socorreu soldados feridos nas invasões alemãs à Polônia, Noruega e Dinamarca.



Em janeiro de 1945, até o alemão mais otimista sabia que a guerra estava perdida. A contra-ofensiva do Exército Vermelho espalhava pânico na Prússia Oriental. Legiões de refugiados, oficiais e soldados alemães feridos lotaram os portos de Danzig e Gotenhafen, tentando fugir para o oeste.
O almirante alemão Karl Dönitz decidiu que era hora de agir: enviou à sua frota o código "Hannibal" - que significava evacuar a maior quantidade possível de militares e civis. O Gustlöff foi preparado para a operação, mesmo após ter ficado imóvel por quatro anos. Os capitães Friederich Petersen e Wilhelm Zahn assumiram o desafio e, em 28 de janeiro de 1945, receberam a ordem de partir em 48 horas. A essa altura, o porto de Gotenhafen era puro caos. Homens, mulheres e crianças disputavam um lugar no navio, mas só podia entrar quem tinha um passe especial. Isso significava ter muito dinheiro, influência ou algum conhecido entre os tripulantes. Soldados feridos tinham prioridade.
O empurra-empurra no porto era tão grande que algumas crianças caíram na fresta entre o deck e o casco e desapareceram na água. "Pelas listas oficiais, 3 mil refugiados se instalaram no navio na manhã de 30 de janeiro. Contudo, a partir de então, a tripulação perdeu a conta dos que chegavam", afirma Krawczyk. "Portanto, nunca saberemos o número exato de pessoas que zarparam." Estima-se que mais de 10 mil pessoas se amontoaram no navio, inclusive dentro da piscina vazia. Quase a metade era de crianças e adolescentes.
O Gustlöff zarpou ao redor das 12h30 com destino à baía de Kiel, no oeste do Báltico. Apesar do frio externo, o calor era intenso dentro do navio. Muitos tiraram os coletes salva-vidas, e não demorou para que enjoassem e vomitassem com os solavancos provocados por ondas de vários metros de altura. A tensão também era grande na cabine de comando, já que apenas um barco torpedeiro escoltava o navio. Os capitães sabiam que a região era cheia de minas e monitorada pelos ingleses. No início da noite, eles perceberam que um comboio de caça-minas alemães se aproximava na direção oposta. Apesar dos protestos do colega, Petersen decidiu acender as luzes de navegação para evitar uma colisão no meio da névoa. Seria um erro fatal.
A poucos quilômetros dali, escondido nas profundezas do Báltico, o submarino soviético S-13 patrulhava a costa de Danzig. Seu capitão, Alexander Marinesko, estava sendo investigado pelos superiores por causa de alguns deslizes - era beberrão - e precisava de uma glória para limpar sua ficha.
Pouco antes das 20h, o S-13 detectou luzes entre a névoa densa. Marinesko agarrou o periscópio e visualizou a silhueta do colosso alemão. Nas duas horas seguintes, ele o perseguiu com cuidado, sorrateiro, preparando-se para dar o bote. O mais mortífero de sua carreira.Logo após as 20h, os auto-falantes do Gustlöff interromperam a música ambiente para transmitir um discurso de Hitler ao vivo no rádio, comemorando os 12 anos de ascensão do nazismo. Os passageiros não tinham motivo para celebrar, claro. Mas pelo menos a ameaça soviética parecia ter ficado para trás.
O ataque
Enquanto isso, Marinesko e sua equipe preparavam quatro torpedos, pintando cada um com uma mensagem. Torpedo 1: "Para a pátria". Torpedo 2: "Para Stalin". Torpedo 3: "Para o povo soviético". E torpedo 4: "Para Leningrado". Perto das 21h, o capitão ordenou: "Fogo!" O torpedo dedicado a Stalin perdeu o rumo, mas os outros três acertaram o alvo em cheio. Os passageiros situados nos locais de impacto perderam a vida na hora. Os outros correram em pânico para a zona dos botes. Muitos foram pisoteados, outros se jogaram no mar e morreram congelados, apesar do resgate feito por barcos da frota alemã.
"O navio afundou a só 12 milhas da costa (cerca de 22 km), mas o pânico e a temperatura da água (15 graus negativos) causaram uma enorme perda entre os que tinham escapado do naufrágio", diz o analista naval americano Norman Polmar. "O cruzador alemão Almirante Hipper estava próximo, mas não prestou socorro por medo dos submarinos."
Hoje, diversos pesquisadores estimam que 1230 pessoas sobreviveram ao naufrágio. O número de mortos é menos preciso, pois não se sabe ao certo quantos passageiros havia no Gustlöff. As cifras giram em torno de 9 mil pessoas, ou seis vezes o número de vítimas do Titanic. E mesmo assim você provavelmente nunca ouviu falar dessa tragédia. Afinal, por que ela é tão pouco conhecida? Primeiro, porque ocorreu durante uma guerra - e, para muitos, desastres assim são menos trágicos que os ocorridos em tempos de paz. Os aliados não deram muita bola para o desastre sofrido pelo inimigo. Para os soviéticos, aliás, os torpedos do S-13 eram uma retribuição à ocupação alemã. E o próprio Hitler não quis admitir que seu gigante dos mares havia tido esse destino. Além disso, durante décadas muitos alemães se sentiram culpados pelas atrocidades que seu país cometeu antes e durante o conflito, e esse sentimento pode ter ofuscado a tragédia naval. "Ao contrário do Titanic, o Gustlöff não viajava rumo aos Estados Unidos e não havia americanos a bordo. Assim, essa história não teve apelo para Hollywood", diz David Krawczyk. Também pudera: Wilhelm Gustlöff era líder do Partido Nazista na Suíça (leia abaixo). Se o navio tivesse outro nome, talvez ganhasse mais simpatia. E pensar que o plano original era batizá-lo de Adolf Hitler...

Eduardo Szklarz | 20/06/2012

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