Viajar de veleiro



A maravilha de se viajar de veleiro é que basta que se decida ir para algum lugar, tudo que se tem que fazer é levantar a âncora,içar velas e ir embora.Essa sensação de liberdade é fabulosa,é quase como ter asas e voar livremente,basta bate-las.

Helio Setti Jr.

Tem que ir, ver e sentir!


"...Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu, para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor, e o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o seu próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver..."


Amir Klink



terça-feira, 31 de maio de 2011

Recrutando tripulantes

Como diz a frase do Amir Klink no topo do meu blog,”tem que ir, ver e sentir”, então não perca sua chance. Se eu não tivesse passado da idade ja estaria inscrito.


O navegador baiano-ucraniano Aleixo Belov está dando a sua quarta volta ao mundo, dessa vez com tripulação a bordo do veleiro-escola Fraternidade, um ketch de aço de 21,50 metros (uns 70 pés),O projeto é levar jovens brasileiros para aprender as lides do mar.
O Fraternidade encontra-se nesse momento em Istambul, na Turquia, prestes a partir para Odessa, na Ucrânia, seu ultimo porto na viagem de ida. Depois é só descer a ladeira no rumo de casa.
Aleixo está recrutando novos tripulantes. Os pré-requisitos para ambos os sexos dos candidatos a uma vaga são: se interessar por uma viagem transoceânica, ter entre 18 e 35 anos e ter amor pelo mar. Ah sim, também não se consome bebida alcoólica ou fumo a bordo.
De Odessa o veleiro-escola volta à Salvador via ilhas gregas, Malta, Espanha, Gibraltar, Canárias, entre outras escalas, antes de chegar ao Brasil por volta de novembro de 2011.
Interessa? Então corra, pois a as inscrições estão abertas! Mande seu currículo com foto para fraternidade@belov.com.br com o assunto candidato a tripulante e não se esqueça de informar se tem recursos para pagar as passagens aéreas de ida e volta (caso necessário), se tem como custear as despesas pessoais, se sabe filmar ou editar filmes, se tem alguma restrição alimentar, se toma alguma medicação especial ou se tem algum problema da saúde.

Post do maracatu

Velejador cobra melhor comunicação

O velejador Nelson Mattos Filho, no seu blog  Diário do Avoante  fala sobre a dificuldade de se comunicar em situações dificeis no mar por falta de preparo nos iates clubes e marinas ao longo da costa.

 

Entre chuvas e relâmpagos – Sem comunicação

Pelas regras das comunicações costeiras no Brasil, os iates clubes e marinas formam a Rede Costeira de Apoio ao Iatismo e por isso devem manter escuta permanente em VHF no canal 68 e utilizar o canal 69 como segundo canal de trabalho. Mas, infelizmente, essa regra não vem sendo observada em muitos clubes náuticos e marinas ao longo da costa do Nordeste. Não sei de onde deve de partir a cobrança da regra, mas seja lá de onde for, acho que já está passando da hora dessa fiscalização acontecer.

A regra ainda orienta os iates clubes e marinas transmitirem boletins meteorológicos via canal 68, quando solicitados ou mesmo quando uma mudança mais radical de tempo estiver para acontecer. Isso seria uma excelente prestação de serviço ao navegante amador, mas infelizmente vale a regra do salve-se quem puder.

Existe um despreparo total das pessoas encarregadas de manusear o rádio VHF nos clubes e marinas, com raríssimas exceções. Na maioria das vezes o rádio está localizado nas portarias, aonde permanentemente existem vigilantes, mas a falta de atenção e o desconhecimento das regras são tantas, que eles nem se dão ao trabalho de responder a chamada. E quando atendem, não sabem passar nenhuma informação precisa.

O canal 16 do VHF é restrito as chamadas de socorro, urgência, segurança, correspondência pública e escuta permanente quando em navegação oceânica. Assim que a chamada for interceptada, por outra embarcação ou estação terrestre, deve-se escolher outro canal para uso e assim liberar a freqüência do canal 16. Novamente nada disso acontece e ouve-se todo tipo de absurdo, e má educação, na freqüência do canal 16.

Até a Embratel, que opera a Rede Nacional de Estações Costeiras – RENEC, dificilmente atende uma chamada de um navegante amador. Eu mesmo, sempre que me atrevi a chamá-la no rádio nunca fui atendido. Mas sei que eles estão em escuta permanente, pois sempre que acontece um acidente ou uma chamada de emergência a EMBRATEL envia uma chamada geral. Então porque não responde nossa chamada?

Com relação aos órgãos públicos a gente até tenta entender essa incrível morosidade para com o contribuinte, mas quanto aos iates clubes e marinas, que são empreendimentos voltados exclusivamente para atender os anseios e interesses do navegante, e seus proprietários e diretores também são, preferencialmente, navegadores e, por isso, conhecedores das necessidades dos que se fazem ao mar, essa é uma falta grave e que merece correção imediata.

Já faz muito tempo que queria escrever sobre esse assunto, mas sempre esbarrei no crédito que minha alma de velejador cruzeirista concede aos que estão nos portos para acolher o navegante amador. Não quero usar o artifício da denuncia fácil e entrar em rota de colisão com os administradores de clubes náuticos e marinas, muitos deles meus amigos. Desejo apenas uma correção no rumo que as comunicações no mar estão navegando, visando uma melhor prestação desse serviço que tanta segurança traz ao navegante amador.

Nessa velejada entre Chuvas e Relâmpagos, aonde venho contando a navegada que fizemos de Salvador a Natal, em Abri de 2011, algumas vezes precisei me comunicar através de VHF com clubes náuticos, mas sempre recebi o silêncio como resposta. Sem ter a quem reclamar a gente tem que engolir a descortesia e seguir em frente, com aquele sentimento de irrelevância.

Foi assim que entramos em Recife, empurrado por um mar de ondas altas, com o Céu preto que nem carvão e desaguando em cima de nossa cabeça, o vento acelerando a todo vapor, o Avoante precisando de uma urgente manutenção elétrica e a gente precisando de um apoio para ancorar em meio a todo esse transtorno. E nada de sair do rádio uma resposta ao nosso chamado de aviso de chegada.

Não precisava de muito, apenas uma resposta assim: Pode aproximar veleiro Avoante, que estamos aguardando!

Nelson Mattos Filho

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Nelson Mattos Filho velejador, cronista, fotógrafo e agora Palestrante.

 palestra (2)palestra (1)Quarta-Feira passada, 11/05, durante o encontro de velejadores no Iate Clube do Natal, proferi uma palestra sobre: NAVEGAÇÃO E ANCORAGEM NA BAÍA DE TODOS OS SANTOS. Foi mais um bate-papo entre amigos, onde dividi um pouco da minha experiência naquelas águas abençoadas pelo Senhor do Bonfim. Sou realmente apaixonado por navegar na Bahia e, em todos os lugares por onde passo, faço questão de divulgar essa  minha paixão e incentivar navegantes e apaixonados pelas coisas do mar a navegarem naquelas águas. Na palestra falo das melhores rotas, waypoints, regimes de ventos, ancoragens, clubes, marinas e serviços. Tudo acompanhado em Carta Náutica digital e com exposição de fotos. A palestra pode ser proferida em clubes náuticos, marinas, escolas e eventos, basta para isso ser agendada pelo email avoante1@gmail.com  ou pelo fone: 84-9163-4203.

Postado por Nelson Mattos em 15/05/2011 by diariodoavoante

domingo, 15 de maio de 2011

Tremor de 6 graus atinge Atlântico a 1,2 mil quilômetros da costa brasileira

 

Terremoto no Atlântico (Foto: Arte/G1)

Um tremor de magnitude 6 foi registrado pelo Centro Nacional de Informações sobre Terremotos do Estados Unidos no Oceano Atlântico a 878 quilômetros do Arquipélago de Fernando de Noronha e a 1.277 quilômetros de Natal neste domingo (15), às 10h08, horário de Brasília. As primeiras informações indicam que o tremor não foi sentido na capital potiguar, nem no aqruipélago.

O abalo no mar foi verificado pelo centro de pesquisa geológica norte-americano numa profundidade de 9 km, abaixo do fundo do mar. O local fica a 415 quilômetros do arquipélago de São Pedro e São Paulo e tem histórico de instabilidade, por estar acima de uma falha geológica. A Marinha do Brasil ainda investiga possíveis impactos na região.

Segundo o professor do Instituto de Geociência da Universidade de Brasília (UnB), João Willy Correa Rosa, o terremoto não representa risco de tsunami, porque ocorreu em um local de águas profundas.

“Há ali no ocenano uma coluna de água de mais de 4 mil metros. Para haver tsunami seria preciso um sismo mais forte e mais próximo da costa. Tem que ter determinadas características de como a rocha é rompida. O tsunami só ocorre em determinadas ocasiões. É uma exceção”, disse o especialista do Observatório Sismológico da UnB, em Brasília.

Debora Santos e Mário BarraDo G1, em Brasília e São Paulo

Passagem de Emilio Oppitz por Natal

Iago natal 2011 049

Iago natal 2011 050

Esta semana passou por Natal levando um barco-onibus para Alcantara no Maranhão, o velejador gaucho Emilio Oppitz, que pelo que se ve no site do Popa,é um sujeito que faz muitos amigos por onde passa. Ele ja passou por Natal em outras oportunidades,  levando esses barcos-onibus que são fabricados no RS para servirem de transporte na região norte mas nunca tinhamos tido uma oportunidade de conversarmos, dessa vez junto com o casal Avoante nos encontramos na varanda do clube onde almoçavamos e trocamos umas palavras com ele e sua tripulação, que por uma falha grande minha não peguei os nomes, espero que alguem que conheça esses dois me ajudem com os nomes deles, um parece o Asterix.

 

  

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Veleiro Shipping de Aurora Canessa

Aurora Canessa esta fazendo a travessia do Atlantico desde St.Maarten até Portugal.

Aqui estão algumas informações da sua viagem.

11 de mayo  de 2011 -  Algo menos de viento y de ola. Encontré el problema del motor.

Son las 20:00 horas del miércoles 11 de mayo. Mi posición 29º 36.300'N - 64º 40.700' W - Distancia a Bermuda 165 millas.

El viento no me deja hacer Norte, se le ocurrió soplar justo en el rumbo a Bermuda, a lo sumo hago NE. está soplando 22 nudos. Sin motor  navego a 2 nudos promedio.

Hoy con algo menos de marejada pude ver el problema del motor, un inmenso cabo enredado en la hélice, y no es de los míos.  Se cómo hacerlo pero con la marejada no puedo tirarme para sacarlo y por el oído también es contraindicado.

Como me recomendó Roberto voy a poner el motor a 1.200 vueltas en punto muerto para que cargue baterías.

El pronóstico dice que el centro de baja lentamente se va alejando por lo que bajará la intensidad del viento y con ello la altura de las olas.

De salud algo mejor, el oído y la garganta me duelen menos, ahora me tomo la última pastilla para la gripe.

Mi amiga Yanko me habló de la importancia de la alimentación y su influencia en el estado de ánimo, siguiendo su consejo estoy dejando de lado las comidas enlatas y volcándome a la alimentación Ayurveda, dentro de lo que tengo disponible me estoy alimentando con orejones, pasas de uva, zanahorias chiquitas, lo que me queda del akusay, higos y aceitunas verdes, es impresionante cómo modificó mi estado de ánimo.

12 de mayo  de 2011 -  Bajó un poco la ola, navego al Norte pero a 2 nudos

Son las 08:30 horas del jueves 12 de mayo. Mi posición 29º 51.500'N - 64º 42.300' W - Distancia a Bermuda 150 millas.

Estoy haciendo rumbo norte, el viento del NW a 20 nudos, la ola es más corta y bajó un poco más, el promedio de velocidad es de 2 nudos, probé derivar para ganar camino pero la pierna mala me lleva al sur, no me conviene, no tengo otra que seguir así. Esto se está transformando en una navegación de resistencia.

Anoche a las 05:00 me desperté y tomé la decisión de tirarme a sacar el cabo cuando las condiciones sean más favorable, ahora tengo miedo de golpearme contra el barco si me tiro, según el pronóstico esto va a seguir así hasta el sábado. Para sacar el cabo estoy capacitada gracias al curso de buzo que hice con Claudia Pastorino en el IAAS. Roberto me recomendó poner el barco a la capa si hago la maniobra, me parece acertado. También me  aconsejó probar si dando marcha atrás con el motor lograba desenroscarlo, cosa que no probé, a pesar que me da temor voy a hacerlo.

Ahora lo pongo en marcha cada tanto en punto muerto para cargar baterías, ahí funciona perfecto.

Acabo de sacar la ropa térmica Esquel que me dio mi querido amigo Trastemberg, refrescó bastante así que voy a estar de estreno.

Si bien tengo víveres suficientes se van acabando algunas cosas, ya no tengo pan fresco, tengo leche solo para mañana, etc..

12 de mayo  de 2011 -  Viento 22/ 24 nudos del NW, velocidad 2 / 2,5 Kt

Son las 20:00 horas del jueves 12 de mayo. Mi posición 30º 12.600'N - 64º 35.000' W - Distancia a Bermuda 127 millas.

Sigo con rumbo N, el viento sopla del NW a 22 / 24 Kt todo el día, siguen las olas altas.

Pensando en la posibilidad de tirarme para sacar el cabo, si las condiciones lo permiten, estoy preparando mentalmente algunas estrategias, sobre todo por mi seguridad:
Una de las recomendaciones recibidas es pasar un cabo por debajo del barco, de banda a banda, haciéndolo firme puede ser en los molinetes para que me sirva de guía y agarre hasta llegar a la zona de trabajo.
Omar recomendó poner un cabo desde el arco radar que me sirva de agarre al momento de volver a subir al barco, para facilitar la subida.
Pienso tirar los dos salvavidas y algunos cabos tipo estachas para agarrarlos y no alejarme del barco  si algún imprevisto hace que me arrastre la corriente.

Como diría mi querido amigo Juan, en este preciso momento llegó la hora de los temores (el anochecer).

Descubrí que como dice el dicho.."ojos que no ven corazón que no siente" me puse dos tremendos tapones en los oídos, la paso mejor y amortiguan los ruidos impresionantes de las olas rompiendo en el barco y el crujir de todo el Shipping.

Realmente la alimentación Ayurveda es muy buena pero en este momento sueño con un inmenso bife de chorizo, papafritas y huevo frito, si puedo, que venga la segunda vuelta....

Besos - Abrazos - Cariños a todos

Aurora Canessa

 

Noticias dos Tres no mundo e do Luthier

11/05

Mais um contato com o veleiro travessura.
Tudo bem a bordo e devem ter uns 4 dias de bons ventos garantidos.
Acima a previsão neste momento onde eles se encontram.
Ventos de 14 a 17 kts SW.
O veleiro Luthier dos amigos Dorival e Catarina seguem muito próximos. Hoje as 15:29 estavam em Lat 25.89 e Long - 60.01.
O Travessura se encontrava as 16:43 em Lat 25.12 e Long -60.77.
Como podem ver, bem próximos mesmo!
Há, já ia me esquecendo... Perguntei sobre os peixes e até agora estão sapateiros! Haja frango enlatado! rsrsrs

Bons ventos!

Postado pelo Pimenta no Tres no mundo

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Uma conversa cheia de histórias de Vilfredo Schürmann com Heinrich Hoffmann Dietrich



Estive com o Sr. Heinrich Hoffmann Dietrich, que veio ao Brasil para visitar seu filho Wolf, que reside em Curitiba.Fizemos uma entrevista de mais de duas horas na sede oceânica do Iate clube de Santa Catarina.
Heinrich vai completar 90 anos em agosto e foi comandante do submarino alemão, o U-141, durante a Segunda Guerra Mundial.
O alemão nos contou que foi convocado pela Marinha com 19 anos de idade. Seu avô foi almirante e o pai comandante de navio durante a Primeira Guerra.
Após ser tripulante em três submarinos, Heinrich chegou ao cargo de comandante do U-141 aos 23 anos.
Ele nos contou muitos episódios da Guerra. "Quando atravessamos o Atlântico com destino ao Canadá, encontramos no meio do mar uma balsa salva vidas com quatro tripulantes de um submarino alemão afundado", revelou.
A base de operações durante a guerra, nos Países Nórdicos, era lotada na época. Antes da Guerra havia uma relação muito estreita entre a marinha alemã e inglesa. Em um outro episódio de guerra, Heinrich nos disse que estavam navegando a noite para bombardear um comboio inglês que estava levando armas para a Rússia. O mar ficou muito agitado após uma tempestade de 84 Km/h. Um dos navios alemães da flotilha foi atacado. Era o navio que o pai dele havia comandado. A flotilha foi orientada a resgatar os sobreviventes, mas não conseguiram porque já estava de noite.
Devido ao frio a maioria dos tripulantes morreram e somente 35 foram salvos pelos navios ingleses. "Existia um respeito muito grande entre a Marinha dos dois países", afirmou.
Heinrich comandou o submarino U-141 até o final da guerra, como um submarino de adestramento.
Foram muitas histórias contadas! Ele com 90 anos de idade ainda dirige seu Mercedez e está muito bem de saúde. Depois da guerra, Heinrich trabalhou com uma empresa de logística na Alemanha e conquistou sucesso profissional. Comprou veleiros e navegou muito pelo Mar Mediterrâneo.
Como estamos na busca do submarino U-513 na costa de Santa Catarina, o depoimento dele foi de grande valia para algumas questões técnicas que tínhamos dúvida. Na semana de Carnaval fomos ao mar em pesquisa e ainda não localizamos o U-513.
O Aysso foi adaptado na popa com um guincho elétrico para a operação do site scan sonar, um equipamento que fotografa o fundo do mar, realizadas pela empresa Coastal Planning & Engineering do Brasil.

As imagens são de um barco afundado embaixo da ponte Hercílio Luz, em Florianopólis. A empresa está dando suporte técnico na busca do U-513.
Abraços,
Vilfredo Schürmann
Fotos:  Todd Southgate

MARINHEIRO PERDIDO, NÁUFRAGO

A mulher também precisa ser navegada, por que sua alma é profunda e misteriosa como o oceano e o risco de amá-la é o mesmo de um naufrágio. Mais que poesia, isto é uma convicção, fruto de muitas experiências e naufrágios.

Fiquem com um dos melhores poemas do Neruda:

O GRANDE OCEANO

Se dos teus dons e das tuas destruições, Oceano,
as minhas mãos pudesse destinar uma medida,
uma fruta, um fermento,
escolheria o teu repouso distante,
as linhas do teu aço,
a tua extensão
vigiada pelo ar e pela noite,
e a energia do teu idioma branco
que destroça e derruba as suas
colunas na sua própria pureza demolida.
Não é a última onda com o seu
salgado peso a que tritura costas e produz
a paz de areia que rodeia o mundo:
é o central volume da força, a potência estendida
das águas, a imóvel solidão cheia de vidas.
Tempo, talvez, ou taça acumulada de todo
movimento, umidade pura que não selou a morte,
verde vícera da totalidade abrasadora.
Do braço submerso que levanta uma gota
não fica senão um beijo de sal.
Dos corpos do homem nas tuas margens uma
úmida fragrância de flor molhada permanece.
A tua energia parece resvalar sem ser gasta,
parece regressar ao seu repouso.
A onda que despreprendes, arco de identidade,
pena despedaçada,
quando se despenhou foi só espuma,
e regressou para nascer sem se consumir.
Toda tu força volta a ser origem.
Só entregas despojos triturados, cascas que
separou o teu carregamento,
o que expulsou a ação da tua abundância,
tudo o que deixou de ser cacho.
Tua estátua,
está estendida além das ondas.
Vivente e ordenada
como o peito e o manto
de um só ser e suas respirações,
na matéria da luz içadas, planícies levantadas pelas ondas,
formam a pele nua do planeta.
Enches o teu próprio ser com tua substância.
Tornas repleta a curvatura do silêncio.
Com teu sal e teu mel treme a taça,
a cavidade universal da água,
e nada falta em ti como na cratera destampada,
no corpo rude: cumes vazios, cicatrizes,
sinais que vigiam o ar mutilado.
As tuas pétalas palpitam contra o mundo,
tremem os teus cereais submarinos,
as suáves algas perduram a sua ameaça,
navegam e pululam as escolas, e apenas sobe ao fio
das redes o relâmpago morto da escama,
um milímetro ferido na distância das tuas
totalidades cristalinas.

Pablo Neruda

Postado por Paulo Divino

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Feijoada, na Páscoa brasileira em St. Marteen.


Tripulações dos veleiros Temujim,Luthier,Guga buy,Travessuras,Bulimundo,Mema,Flyer,Luar mais o veleiro Shipping da argentina que tem muito carinho pelo Brasil Aurora e alguns convidados, fizeram uma feijoada para comemorar a Páscoa e tambem o aniversario do John do veleiro Bulimundo. Festa que serviu como uma pré-despedida desse grupo de amigos que em breve irão se separar, indo alguns para locais protegidos para enfrentar a temporada de furacões enquanto outros cruzarão o Atlântico em direção a Europa.

Foto do Guga Buy

O Mar

A natureza é absoluta. É Deus. E o mar é sua maior imagem.

“O mar das coisas que podemos tocar, é a mais infinita. Não existe medida para medi-lo, não existe vista que ultrapasse seu horizonte, não ha ser humano que mergulhe ate seu fundo ou consiga nadar um oceano inteiro. O mar é a maior expressão da natureza, e é ela a essencia, a alma, a razão de ser do mundo em que vivemos.

O conhecimento adquirido ao longo dos anos me mostrou essa grandiosidade, essa imponderabilidade. Do muito que aprendi, descobri que nada sei sobre ele. A consciencia do saber traz a certeza do desconhecimento. Nisso esta talvez a maior beleza do mar. Se eu vivesse 200 anos a estuda-lo, a tentar entende-lo, talvez mal arranhasse todo o saber que poderia tirar dele. Se passasse a vida navegando sem parar, ainda assim não percorreria todas as milhas que o mar oferece, nem chegaria a conhecer todos os recantos, ilhas, baias, praias, recifes que existem pelo mundo, e provavelmente tambem não conheceria todas as suas faces, suas infinitas combinações de corrente, vento e humor.

Ciente desse meu desconhecimento da essencia do mar, sou feliz, pois se não domino essa essencia, pelo menos tenho consciencia dela. Hoje sei da divindade do mar e não sou Deus, sei de sua medida infinita e não sou matematico, sei que é indefinivel e não sou filósofo. Mas me sinto muito grande por ser sabedor dessa minha ignorancia, e conformado, pois como simples mortal,sei que não posso alcançar a plenitude desse conhecimento.”

HelioSetti Jr.