Viajar de veleiro



A maravilha de se viajar de veleiro é que basta que se decida ir para algum lugar, tudo que se tem que fazer é levantar a âncora,içar velas e ir embora.Essa sensação de liberdade é fabulosa,é quase como ter asas e voar livremente,basta bate-las.

Helio Setti Jr.

Tem que ir, ver e sentir!


"...Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu, para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor, e o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o seu próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver..."


Amir Klink



quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Onde andam

Os amigos do Guga Buy e do Flyer estão em Trinidad para alguns reparos e compras e o Travessuras em Tobago com partida dia 31 para St. Marteen.
 Bons ventos na passsagem para 2011 para eles!

Medidor de vento beeeem baratinho

Wind Meter no iPhone da AppleLi no jornal que já existe mais aparelhos celulares do que gente no Brasil. Então deve ter alguém aí com dois ou três aparelhos, porque eu ainda não tenho nenhum! Deve, também, ser porque atualmente é praticamente impossível achar um celular que só tenha a função de telefonar. Normalmente eles vêem cheios de penduricalhos e estão cada vez mais “inteligentes”. São tantos recursos que viraram brinquedo. Mas um brinquedinho útil, reconheço.
O iPhone da Apple, por exemplo, além da previsão do tempo nativa pode virar anemômetro e medir o vento. O Wind Meter é um aplicativo que estima a velocidade do vento com base no barulhinho que as rajadas produzem no microfone do aparelho. O aplicativo ficou por 18 meses seguidos no top 20 da loja iTunes da Apple. E sabe quanto custa? Menos de um dólar!

Postado no blog do Maracatu

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Voltando para casa


Acordamos antes das 06h para tomarmos o café de despedida com os já famosos wraps de queijo do Sergio, foi um café  diferente em tudo a começar que não teve o mergulho de acordar que todos os dias fazíamos pois não poderia levar a roupa molhada, e todos estavam com um pouquinho de tristeza que sempre antecede a partida de perto das pessoas que gostamos.
 Preparamos a bagagem e as 07h estávamos em terra para a caminhada ate o aeroporto que fica a cerca de 10 min da nossa praia, o dia estava com cara de despedida também, nubladissimo, e a chuva nos pegou na entrada do aeroporto,fizemos o check-in trocamos nossos uniformes de cruzeiristas (bermudas com as bundas molhadas)e fomos tomar um café , o pessoal me provocou bastante para que tomasse mais um Malby. Nos despedimos já com muita saudade dos nossos companheirões de viagem e partimos para Trinidad as 9:05 num voo de exatos 20 min.
Em Trinidad pegamos um taxi e fomos a um shopping para tentar comprar uma maquina fotográfica,  pois a nossa nos deixou na mão antes da viagem e tivemos que pegar as fotos do Sergio.
Trinidad tem uma grande colonia de indianos e no shopping a maioria das lojas são deles, se em Tobago nosso ingles já não era la essas coisas imaginem em um lugar que o pessoal ainda tem um sotaque indiano para complicar,mas fizemos um bom passeio apesar de não ter comprado a camera. Voltamos para o aeroporto e partimos as 17:43 num voo de 03h para o Panamá.
No Panama estivemos muito pouco tempo e partimos em mais um vôo de 9h para o Rio de Janeiro, onde esperamos três horas para pegarmos nosso vôo final com destino a Natal.
É impressionante como é bom quando se volta a ouvir a própria língua,depois de muitos dias so ouvindo inglês é maravilhoso ouvir o português novamente,lembrei agora da Carol que um dia achou um detergente ypê num mercado em Tobago e ficou muito emocionada pois tinha uma bandeirinha do Brasil nele e era escrito em Português (o detalhe é que foi no primeiro dia em Scarborough. Como ela vai estar em  dezembro do ano que vem no regresso ao Brasil?).
Fazer essa viagem foi a realização de muitos sonhos, coisas que li em muitos livros e que queria sentir, como por exemplo, viver como cruzeirista acordar e poder dar um mergulho ao lado do barco,pegar um peixe e fazer um sashimi, tomar banho de água salgada e me secar em seguida sem usar água doce,coisas que podem parecer sem importância para alguns, mas que para mim foram incríveis. E o melhor de tudo, fazer  isso na companhia da minha companheira e meu amor, a Ro que também curtiu muito a viagem,segundo ela, graças a convivência com nossos amigos dos encontros de vela em Natal que sempre deram força e fizeram com que ela se sentisse mais segura e perdesse o medo do mar.
Eu quero deixar aqui nosso agradecimento por terem nos convidado e nos recebido como membros da família Três no Mundo, ao Sergio a Carol e ao Jonas, e desejar que toda a viagem deles seja sempre tão boa como foram esses dias em que passamos juntos.

Tobago


Ancoramos em frente a Scarborough  e fomos dar entrada no pais, demos uma volta nos arredores do porto e fomos matar a curiosidade de comer os tais frangos fritos e apimentados que é o lanche mais vendido por lá. Voltamos ao barco e abrimos um champagne para comemorar a chegada ao Caribe e ficamos batendo papo fazendo um balanço da viagem e planejando os próximos dias.
Na manha seguinte partimos para Milford Bay, um lugar lindo onde ficamos ancorados ao lado de outros veleiros ,inclusive um trimarã chamado Micado, com um casal de alemães, que eu já conhecia de uma temporada que eles passaram em Natal .
Todos os dias, depois de um mergulho naquelas águas cristalinas e mornas, tomávamos um café reforçado feito pelo cheff Sergio e saiamos para conhecer outras praias, ir a internet, tomar sorvete. Voltávamos no final da tarde para um almojanta normalmente acompanhado de alguma bebida local que muitas vezes foi decepcionante como no dia da cerveja com limonada que é bastante comum por la ou do Malby uma bebida a base de anis e cravo da índia, que particularmente gostei, mas todos detestaram e fez com que eu virasse alvo de gozações.
Teve um dia que tiramos para uma atividade especial, uma aula de cortes de cabelos, os alunos se esmeraram no aprendizado, o tempo mostrara o resultado.
No domingo dia 13/12 saímos para um city tour com um guia chamado Jeremiah que nos levou para conhecer lugares muito bonitos que sozinhos seria-nos muito difícil conhecê-los, como uma cachoeira, um rio onde tem jacarés selvagens, praias maravilhosas e vistas lindas da ilha; do alto das montanhas. Ficamos sabendo um pouco da historia de Tobago e da sua cultura, colhemos e comemos na beira da estrada cacau, uma das riquezas do lugar e saboreamos pratos deliciosos num restaurante a beira mar chamado de casa da arvore, pois tem uma arvore que fica no meio dele. No final do passeio voltamos para o barco nos trocamos e saímos novamente para assistir a um show de steel band, um som tirado de instrumentos de percussão feitos de lata e tambores de plástico (tipo usados para lixo)que produzem um som tradicional do caribe. Esse show acontece nos domingos a noite e um morador local nos havia convidado,combinamos com o Jeremiah e ele nos levou ate lá. Foi um domingo muito divertido do começo ao fim, pois o show foi ótimo e aproveitamos para dançar bastante.


De Fortaleza a Tobago


No sábado a noite pegamos um ônibus para Fortaleza e quando chegamos pela manha já estava tudo pronto para partirmos. Deixamos a marina com uma brisa gostosa, num rumo que nos levava para fora da plataforma dos cem metros para nos safar dos pescadores e ficar com um mar mais profundo e conseqüentemente com ondulações mais suaves.
No dia 30 cruzamos(eu e a Ro) pela primeira vez a linha do Equador,e teve festa com direito a batismo pelo proprio Netuno,nesse mesmo dia vimos cachalotes passarem ao nosso lado. Foi espetacular ver animais tão grandes e que não são muito comuns de serem avistados. 
No dia 01 fizemos uma festa a bordo para comemorar o aniversário do Sergio, teve balões e um bolo improvisado com cookies.
Vela mestra na segunda forra de rize  e piloto automático quase o tempo todo, foi assim ate Tobago, quando vinha um Pirajá diminuíamos a genoa e as vezes eu e o Jonas desligávamos o piloto para curtirmos levar o barco na mão. Nos dois primeiros dias mesmo com a vela rizada nossa media era de 7,9 nós, tínhamos os Alísios e uma bela corrente nos empurrando para Tobago,no terceiro dia tivemos que dar uma empurradinha com o motor pois o vento deu uma diminuída significativa e a partir do quarto dia tivemos a presença constante dos Pirajás que quase nunca passavam de quinze minutos, somente La pelo oitavo dia tivemos uma chuva que durou muitas horas e que provocou uma pequena mareada na Ro.
 No mais a viagem foi uma velejada gastronômica com pratos maravilhosos feitos pelo Sergio, que era o único que encarava o fogão, tivemos os famosos cozidões do Sergio que podiam ser de charque ou frango, bacalhau a Gomes de Sá, bacalhau do Pipo, macarrão ao alho e óleo, com alcaparras, foram dias de muita comida boa, brincadeiras e conversas sobre os assuntos mais variados desde musica a criação de filhos, de férias a viver em barcos.
No ultimo dia resolvemos colocar uma linha na água para tentar pegar um peixinho, na primeira puxada o peixe escapou e ao contrario dos outros pescadores, que sempre escapa o maior o nosso era bem pequeno ao que pareceu. Em seguida conseguimos puxar um pequeno atum que já estava sendo preparado para virar sashimi, quando tivemos a surpresa de fisgar uma cavala wahoo com cerca de 10kg, que foi se juntar ao atum no almoço e que nos proporcionou carne por quatro dias. Na empolgação de aprender a fazer o sashimi, esqueci de cuidar o horizonte o que foi fatal, pois perdi de ser o primeiro a gritar terra a vista e ganhar um sorvete, premio que ficou com o Jonas.
Ainda tivemos uma recepção calorosa por parte de um grupo de golfinhos, muito grandes em relação aos que nos acompanharam ate Fortaleza, que deram mais um show como é comum com essa espécie. Depois deles apareceu também para dar as boas vindas uma arraia jamanta muito linda,tudo nos indicava que Tobago seria espetacular.

De Natal a Fortaleza

De Natal a Fortaleza
Quando conheci o Sergio pela internet em 2006 jamais poderia imaginar que um dia  faria  parte da viagem deles ao Caribe.
Nesta segunda vinda a Natal, como eles tiveram que ficar mais de um mês por aqui devido a escola das crianças  pudemos convivermos mais tempo e descobrir algumas coisas em comum, o que resultou em bons bate papos e ate em um convite para participar como tripulantes numa regata e depois dormirmos no barco, o que aceitei de cara pois da outra vez eu não pude conhecer o Fandango e não perdi esta oportunidade com o Travessura. Aproveitei para ir marinizando a Ro que nunca tinha estado em uma regata, gostamos muito do barco pelo espaço e arranjo interno, muito confortável em cruzeiro, muito veloz em regata e com uma capacidade de orça fantástica.
Quando chegou a hora de partirem nos convidaram para acompanhá-los ate Fortaleza, consegui uma dispensa de dois dias no salão em que trabalho e embarcamos para o que seria nossa grande aventura, uma viagem de dois dias só vendo o céu e o mar.
A viagem para Fortaleza foi fantástica, finais de tarde maravilhosos com o Sol dando um espetáculo cada vez que descia no horizonte e a Lua cheia iluminando a noite em um mar sempre com suaves ondulações, tendo ate a visita de muitos golfinhos brilhando a luz da lua ao lado do barco, e que no dia seguinte voltaram em  grande quantidade para nos acompanhar durante quase uma hora com muitas brincadeiras de adultos e filhotes. O vento e a corrente favorável nos levavam numa velocidade que fomos rizando a vela ate o ponto de tirarmos a mestra e deixarmos so um pouco da genoa para podermos nos aproximar de Fortaleza de dia, pois queríamos evitar os pescadores com redes e espinheis a noite.
A vigem foi tão boa que ficamos tentados a aceitar o convite para prosseguirmos ate o Caribe, mas como convencer a dona do salão a me dispensar duas semanas em Dezembro e alem do mais nos não tínhamos passaporte e so teríamos dois dias para consegui-lo.Definitivamente não ia dar certo. Mas quando chegamos a Natal fui descansar um pouco antes de ir para o trabalho e acordei com a Ro me perguntando se eu tava mesmo afim de ir ao Caribe, claro respondi mas.. ela não me deixou terminar e foi logo dizendo – já fiz as contas a grana vai dar e amanha cedo nos temos que sair correndo para a Policia Federal para tentar os passaportes e fazer a vacina de febre amarela num posto de saúde depois ir na Anvisa fazer a carteira internacional de vacinação.No dia seguinte começamos a correria bem cedo, vacina no posto que é perto de casa, corremos pra PF e descobrimos que não poderíamos entrar de bermudas, corremos para uma loja de aluguel de roupas que fica La perto e alugamos duas calças sociais, ficamos lindos de camisetas, calças sociais e havaianas correndo como uns doidos na avenida por causa do horário,pois ainda faltava a Anvisa, eu tinha que voltar para o trabalho e outro detalhe importante precisávamos comprar as passagens de volta. Na PF nos disseram que o passaporte de urgência so ficaria pronto na segunda a tarde, se fosse de emergência fariam na hora mas era so para casos muito especiais e praticamente impossível que nos dessem. Foi ai que escrevi uma carta para o diretor mostrando que quando se tem 50 anos um convite para ir velejando para o Caribe é um caso muito especial pois provavelmente ele não teria muitos assim em sua frente, ele pediu que conseguíssemos um fax da marina de Fortaleza confirmando a data da partida no domingo e do dono do barco confirmando que éramos tripulantes, o que foi feito, e ele autorizou a emissão dos nossos passaportes, no que ficamos muito gratos pois com essa força foi-nos possivel a realização desse sonho. Quando falei com a Raquel, a dona do Salão, usei o mesmo argumento dos 50 anos e da oportunidade e ela me disse que se eu conseguisse o passaporte podia ir tranqüilo, valeu fiquei muito grato!