Viajar de veleiro



A maravilha de se viajar de veleiro é que basta que se decida ir para algum lugar, tudo que se tem que fazer é levantar a âncora,içar velas e ir embora.Essa sensação de liberdade é fabulosa,é quase como ter asas e voar livremente,basta bate-las.

Helio Setti Jr.

Tem que ir, ver e sentir!


"...Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu, para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor, e o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o seu próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver..."


Amir Klink



terça-feira, 31 de maio de 2011

Velejador cobra melhor comunicação

O velejador Nelson Mattos Filho, no seu blog  Diário do Avoante  fala sobre a dificuldade de se comunicar em situações dificeis no mar por falta de preparo nos iates clubes e marinas ao longo da costa.

 

Entre chuvas e relâmpagos – Sem comunicação

Pelas regras das comunicações costeiras no Brasil, os iates clubes e marinas formam a Rede Costeira de Apoio ao Iatismo e por isso devem manter escuta permanente em VHF no canal 68 e utilizar o canal 69 como segundo canal de trabalho. Mas, infelizmente, essa regra não vem sendo observada em muitos clubes náuticos e marinas ao longo da costa do Nordeste. Não sei de onde deve de partir a cobrança da regra, mas seja lá de onde for, acho que já está passando da hora dessa fiscalização acontecer.

A regra ainda orienta os iates clubes e marinas transmitirem boletins meteorológicos via canal 68, quando solicitados ou mesmo quando uma mudança mais radical de tempo estiver para acontecer. Isso seria uma excelente prestação de serviço ao navegante amador, mas infelizmente vale a regra do salve-se quem puder.

Existe um despreparo total das pessoas encarregadas de manusear o rádio VHF nos clubes e marinas, com raríssimas exceções. Na maioria das vezes o rádio está localizado nas portarias, aonde permanentemente existem vigilantes, mas a falta de atenção e o desconhecimento das regras são tantas, que eles nem se dão ao trabalho de responder a chamada. E quando atendem, não sabem passar nenhuma informação precisa.

O canal 16 do VHF é restrito as chamadas de socorro, urgência, segurança, correspondência pública e escuta permanente quando em navegação oceânica. Assim que a chamada for interceptada, por outra embarcação ou estação terrestre, deve-se escolher outro canal para uso e assim liberar a freqüência do canal 16. Novamente nada disso acontece e ouve-se todo tipo de absurdo, e má educação, na freqüência do canal 16.

Até a Embratel, que opera a Rede Nacional de Estações Costeiras – RENEC, dificilmente atende uma chamada de um navegante amador. Eu mesmo, sempre que me atrevi a chamá-la no rádio nunca fui atendido. Mas sei que eles estão em escuta permanente, pois sempre que acontece um acidente ou uma chamada de emergência a EMBRATEL envia uma chamada geral. Então porque não responde nossa chamada?

Com relação aos órgãos públicos a gente até tenta entender essa incrível morosidade para com o contribuinte, mas quanto aos iates clubes e marinas, que são empreendimentos voltados exclusivamente para atender os anseios e interesses do navegante, e seus proprietários e diretores também são, preferencialmente, navegadores e, por isso, conhecedores das necessidades dos que se fazem ao mar, essa é uma falta grave e que merece correção imediata.

Já faz muito tempo que queria escrever sobre esse assunto, mas sempre esbarrei no crédito que minha alma de velejador cruzeirista concede aos que estão nos portos para acolher o navegante amador. Não quero usar o artifício da denuncia fácil e entrar em rota de colisão com os administradores de clubes náuticos e marinas, muitos deles meus amigos. Desejo apenas uma correção no rumo que as comunicações no mar estão navegando, visando uma melhor prestação desse serviço que tanta segurança traz ao navegante amador.

Nessa velejada entre Chuvas e Relâmpagos, aonde venho contando a navegada que fizemos de Salvador a Natal, em Abri de 2011, algumas vezes precisei me comunicar através de VHF com clubes náuticos, mas sempre recebi o silêncio como resposta. Sem ter a quem reclamar a gente tem que engolir a descortesia e seguir em frente, com aquele sentimento de irrelevância.

Foi assim que entramos em Recife, empurrado por um mar de ondas altas, com o Céu preto que nem carvão e desaguando em cima de nossa cabeça, o vento acelerando a todo vapor, o Avoante precisando de uma urgente manutenção elétrica e a gente precisando de um apoio para ancorar em meio a todo esse transtorno. E nada de sair do rádio uma resposta ao nosso chamado de aviso de chegada.

Não precisava de muito, apenas uma resposta assim: Pode aproximar veleiro Avoante, que estamos aguardando!

Nelson Mattos Filho

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