Amir Klink
Viajar de veleiro
A maravilha de se viajar de veleiro é que basta que se decida ir para algum lugar, tudo que se tem que fazer é levantar a âncora,içar velas e ir embora.Essa sensação de liberdade é fabulosa,é quase como ter asas e voar livremente,basta bate-las.Helio Setti Jr.
Tem que ir, ver e sentir!
"...Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu, para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor, e o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o seu próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver..."
Amir Klink
terça-feira, 13 de setembro de 2011
Vida de velejador
Levar vida de velejador é muito bom, mais requer boas doses de paciência, tranquilidade, boa vontade, perseverança, desprendimento e umas cervejinhas geladas para variar.
A palavra economia é a primeira do dicionário do velejador. É através dela, que tiramos boa parte da inspiração para levar essa vida meio nômade.
Num veleiro, temos que mudar quase todos os conceitos que estamos acostumados em terra. Tudo tem que ser regrado, pesado e medido. E a água é um dos itens que recebe maior atenção. Ficar sem água é um problema e saber dosar, o gasto, é uma das tarefas principais.
Os banhos devem ser rápidos é com o mínimo de água possível, principalmente em viagens e travessias. Na lavagem de louças e roupas, muitas vezes, usa-se água salgada para ensaboar e um pouco de água doce para enxaguar. Tudo em busca de economia e de manter a tranquilidade a bordo.
Quando estamos em ancoragens com difícil acesso a água doce e pretendemos passar mais uns dias desfrutando do local, temos mais é que economizar. O desperdício pode ser a gota d’água para um motim a bordo.
Banhos demorados, com direito a xampu e condicionadores, somente em dias de festa a bordo. Isso, se o comandante tiver com muito bom humor e a tripulação for merecedora. O difícil é conter a ira da ala feminina.
Alguns barcos têm boa capacidade de armazenagem e outros ainda têm máquina que transforma água salgada em doce, mas mesmo assim a turma não relaxa quando o assunto é economia.
Em certas velejadas os banhos são tomados com água salgada e enxaguados com água doce. Alguns sabonetes líquidos fazem espuma na água salgada, facilitando o banho. O segredo é enxugar o corpo antes de a água salgada secar no corpo, para evitar a sensação da pele espinhando. Esses segredos nem passam pela cabeça de quem vive em terra, nem passava pela nossa, mas tivemos que aprender e acostumar.
Ter consciência econômica é o primeiro mandamento do velejador e isso não se resume apenas a água. Comida, roupa, calçado, energia, combustível, espaço, equipamento, dinheiro, conforto e tudo mais. Nada pode passar despercebido para quem quer ter uma tranquila vida a bordo de um veleiro.
Às vezes, em conversas com pessoas que tem a pretensão ou o sonho de comprar um barco e dar uma volta ao mundo. Fico escutando as idéias que eles fazem do barco ideal. Barcos com ar-condicionado, água quente, televisão, banheira, micro-ondas, fogão seis bocas, motor turbinado, acima de 40 pés e com o que há de mais moderno em equipamentos eletrônicos.
Sei que cada um tem sua condição e seu sonho, mas, na maioria das vezes, tudo não passa de conversa de palhoção. São pessoas que leram algum livro náutico, assistiram a um filme sobre vela, tem muita teoria, nenhuma prática e nenhuma disposição para abandonar o conforto de uma boa casa ou um bom apartamento, em prol de um veleiro apertado e que nunca deixa de balançar.
Reconheço que um barco confortável é o primeiro passo para uma viagem ou para servir de morada durante alguns anos de nossa vida. Porém, um barco confortável passa muito longe de todos os clichês inventados por algumas teorias.
Podemos ter conforto tanto num barco de 21pés como em um de 100 pés. Tudo vai depender de como se pretende levar a vida no mar. Não é nenhum ar-condicionado ou 40 pés que vai trazer mais ou menos conforto. O que vale é a tranquilidade que se vai ter a bordo. Uma cama sequinha e macia. Um barco fácil de comandar. Boa ventilação na cabine. E uma boa companhia. Isso sim são coisas que trazem muito prazer e muita disposição de se continuar navegando.
Como economia é a palavra chave nesse artigo e no mundo náutico essa palavra não é bem assimilada por construtores e fabricantes de equipamentos, antes de comprar o barco do sonho ou o último modelo saído do estaleiro da onda, vale à pena adquirir um barquinho pequeno e com ele aprender os segredos do mundo náutico, entre eles, como viver durante uma semana com 100 litros de água.
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