Amir Klink
Viajar de veleiro
A maravilha de se viajar de veleiro é que basta que se decida ir para algum lugar, tudo que se tem que fazer é levantar a âncora,içar velas e ir embora.Essa sensação de liberdade é fabulosa,é quase como ter asas e voar livremente,basta bate-las.Helio Setti Jr.
Tem que ir, ver e sentir!
"...Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu, para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor, e o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o seu próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver..."
Amir Klink
domingo, 3 de novembro de 2013
Barco naufraga com 12 pessoas na Grande Florianópolis
"O comandante lutou até o fim, não sei como não morreu", diz pescador que resgatou sobreviventes do naufrágio
Anedir Horácio Batista, 60 anos, o Denir, estava próximo do iate que afundou, se preparando para pescar anchovas
Denir fez o resgate dos 12 homens que estavam no iate que afundouFoto: Guto Kuerten / Agência RBS
Da janela de casa, o pescador Anedir Horácio Batista, 60 anos, o Denir, via um mar bravo e o vento soprando com força lá pelos altos da Praia da Pinheira, em Palhoça. Mas precisava encará-los: fazia duas noites que ele e os companheiros não saíam para pescar anchovas, e, portanto, não havia muita escolha.
Então, prepararam tudo. Como as correntezas estavam fortes e o mau tempo se anunciava, decidiram sair um pouco mais cedo que o habitual. Sem pressa, ele e os dois amigos embarcaram no Lena Quarta e partiram, observando o mar. Nas proximidades das Ilhas Moleque do Sul e Três Irmãs, pararam a embarcação. Era ali que sempre se posicionavam.
Foi quando perceberam um iate a 1,8 mil metros de distância. Estava sempre à deriva, o que os deixou desconfiados: se continuasse assim, poderia vir a prejudicar a pescaria e acabar passando por cima da rede. Resolveram aguardar e ver o que acontecia antes de jogá-la ao mar.
Mas nem o iate parou, nem a rede foi jogada. O que eles viram, de longe, foram os homens de pé na embarcação, voltados para eles, abanando, pedindo socorro. Denir puxou o Lena Quarta com força e partiu em direção a eles. Não conseguia localizá-los pelo rádio, por isso não conseguia entender sobre o que se tratava.
Conforme se aproximava, ele foi avistando: o iate tomado pela água e estava prestes a afundar. Onze homens, já de colete salva-vidas e com suas bolsas a tiracolo, gritavam por ajuda. O 12º, sem camisa e apenas de calção, estava dentro da cabine tentando reverter a situação. Era o comandante.
Não deu tempo para mais nada. Denir jogou um cabo para o iate e usou um bote inflável para servir como ponte: os homens começavam, então, a ser resgatados. Em menos de 20 minutos, o iate afundou completamente. E com ela, o comandante.
A força da água, porém, o trouxe de volta, boiando. Ele foi resgatado com tremores e sintomas de hipotermia, mas, já na embarcação, foi agasalhado com uma lona e recusou o café.
- O comandante lutou até o fim, não sei como não morreu.
Um hora e dez minutos depois, o Lena Quarta chegava à orla da Pinheira. Lá dentro, o clima já não era tão tenso: os tripulantes conversavam e riam a bordo e o frio e o susto já haviam até passado. O comandante recusou a ajuda do Samu e seguiu para os familiares, que já o aguardavam na praia.
- Em quase 60 anos de pesca, foi a primeira vez que vi uma embarcação afundar. Fiquei assustado com a rapidez. É tudo muito rápido - admitiu Denir, surpreso.
Feliz com o salvamento e com a boa ação, ele desistiu de voltar ao mar naquela noite.
Sâmia Frantz, DIÁRIO CATARINENSE
quarta-feira, 3 de julho de 2013
Aprenda sobre as redes que podem integrar todos os eletrônicos de navegação a bordo
O uso de redes que integrem toda a eletrônica a bordo e façam diferentes equipamentos “conversarem” entre si está se tornando possível e acessível
Bluetooth, wi-fi, kbps... Termos como estes também estão saindo do âmbito da informática para embarcar no mundo náutico. E isso é uma ótima notícia! Enfim, o uso de redes que integrem toda a eletrônica a bordo e façam diferentes equipamentos “conversarem” entre si está se tornando possível e acessível. Por que demorou tanto? Por dois motivos. Primeiro, era preciso padronizar os equipamentos para que pudessem ser interligados. Segundo – e mais importante - , aprimorá-los. Afinal, qualquer sistema eletrônico embarcado – seja em um carro, avião ou barco – tem de ser muito mais confiável do que os utilizados em casa ou no escritório. Aqui vão sete questões que ajudam a entender um pouco mais este fabuloso – e atualíssimo – assunto.
1 – O que é uma rede embarcada?
É um sistema que integra todas as informações geradas pelos equipamentos eletrônicos a bordo, permitindo que eles “conversem” entre si. Por exemplo, quando um rádio VHF está conectado ao gps, ao acionarmos o botão de emergência dsc, ele recebe a posição do gps e já envia para as equipes de salvamento. Já um sistema de piloto automático pode receber informações do gps, radar, AIS e do sonar, de modo a operar com bem mais segurança. E isso ainda desobriga o piloto de monitorar estes instrumentos ao mesmo tempo.
2 – Qual a principal exigência para ter uma rede?
É preciso ter equipamentos projetados para operar em redes! Alguns fabricantes criaram redes próprias (SeaTalk®, SmartCraft®, SimNet®, NavNet®, etc.), de modo que, se você tiver todos os equipamentos de uma determinada marca, eles podem ser interligados. Mas a NMEA (National Marine Electronics Association), dos EUA, criou um protocolo de comunicação que hoje é adotado pela maioria dos fabricantes. Com ele, independentemente da marca, se o eletrônico tiver a certificação NMEA 2000, poderá ser integrado à rede.
3 – Além de integrar equipamentos, há outras vantagens numa rede?
Sim. Ela distribui as informações em vários locais do barco. Um monitor de LCD (ou mesmo um tablet, smartphone ou notebook) é conectado à rede e mostra os dados que antes só podiam ser vistos nos postos de comando.
4 – Fazer esta conexão de equipamentos exige conhecimentos técnicos complexos?
Não. A NMEA 2000 já foi pensada para facilitar a instalação da rede. Ela é formada por um cabo principal (que suporta correntes elétricas de até 8A), pelos cabos auxiliares ou de conexão (que ligam os equipamentos ao cabo principal e suportam até 3A) e por conectores tipo T. Para adicionar mais um equipamento à rede, basta ligar mais um conector T no cabo principal.
5 – As redes embarcadas ainda usam fios ou já são wireless?
Por uma questão de segurança, elas são conectadas apenas por cabeamento. Mas a comunicação sem fio, por wi-fi ou bluetooth, já é oferecida por muitos fabricantes, mas ainda tem uso restrito. Serve apenas para trocar informações entre notebooks, tablets ou celulares e assim acessá-las em qualquer lugar do barco.
6 – Equipamentos mais antigos podem ser conectados?
Sim, se tiverem capacidade para operar em rede. Há adaptadores que permitem ligar o antigo padrão NMEA 0183 ao NMEA 2000 ou a algumas redes exclusivas de fabricantes. Mas dificilmente se poderá aproveitar todo o potencial da rede com estes equipamentos. No protocolo NMEA 0183, a velocidade de transmissão dos dados é 52 vezes menos que no NMEA 2000.
7 – Ter uma rede a bordo é mesmo fundamental?
Ainda não. Mas, em breve, será algo habitual. Por isso, quando for comprar novos equipamentos, procure os produtos certificados com a NMEA 2000. Depois, será mais simples e econômico migrar para uma rede.
Por Nicola Getschko, revista Náutica
sábado, 29 de junho de 2013
Administração de Riscos, por Vilfredo Schürmann
Se não é possível eliminar riscos, é importante reconhecê-los, avaliá-los e administrá-los. Em Palau, uma ilha da Micronésia, resolvemos fazer um mergulho em caverna. Todo mergulho requer cuidados especiais. Em cavernas, o risco é muito maior. O cuidado e o planejamento devem ser redobrados. Os mergulhos autônomos (com garrafa de oxigênio) feitos em cavernas lideram as estatísticas de acidentes fatais.
O plano era mergulhar em três cavernas durante todo o dia. Traçamos minuciosamente o rumo da navegação na bússola. Conversamos com os nativos que conheciam o local. Colhemos todas as informações possíveis e contratamos um mergulhador que conhecia bem a área para nos guiar.
Pretendíamos entrar na caverna, submergir cerca de 10 a 12 metros. Depois, entrar pela única passagem que levava à câmara interna do centro da caverna. Era preciso seguir por um labirinto previamente estudado, até achar o atalho. Esse é um trajeto de 100 metros. Ao chegar à câmara, subiríamos para um platô no seco, para andar sem precisar das máscaras (há frestas por onde o ar circula). Ali filmaríamos num cenário de espetacular beleza.
Começamos nosso mergulho e tudo corria bem. Depois de cerca de 15 minutos, David, meu filho que dirigia as filmagens, percebeu a indecisão do guia. Ele ia de um lado para outro e não achava a passagem. Notamos sua ansiedade. Percebi que ele estava improvisando. David escreveu na prancheta (sim, se escreve embaixo d’água) perguntando se estava tudo bem ou se ele havia se perdido. Ele escreveu que não achava o caminho. Com a navegação que tínhamos feito, David tomou a liderança e comandou com segurança nossa volta ao local de origem. Abortamos os outros dois mergulhos programados para o dia.
A bordo do Aysso, nos reunimos para fazer a avaliação dos riscos que passamos. Analisamos o que fizemos de certo e de errado. O que poderia ter sido evitado e quais eram nossas alternativas. No dia seguinte, saímos para mergulhar novamente. Dessa vez, conseguimos visitar as três cavernas e fazer as filmagens. Foi uma experiência inesquecível, que valeu todo o planejamento.
O gerenciamento de riscos é feito por meio de planos de emergência e de contingência, com base em limites e responsabilidades preestabelecidos. No dia a dia, temos de tomar decisões rápidas. Para isso, a percepção do que poderá acontecer lá na frente é essencial. É importante que haja confiança mútua e tranquilidade para trabalhar com rapidez. Isso só é possível com um plano de ação e um bom preparo de cada membro da equipe.
Bons Ventos!
O feitiço que é velejar
velejar pela primeira vez pode mudar o destino das pessoas.
Quando você está no alto-mar, o veleiro deslizando na água, o silêncio sendo quebrado somente pelo farfalhar das velas contra o vento, o ruído do mar contra o costado, você não percebe a presença de Netuno, Rei dos Mares, movimentando seu tridente, envolvendo os marinheiros de primeira viagem, desavisados do poder de sua magia. Quando percebe que alguma coisa estranha está acontecendo com você, já é tarde demais. Você foi enfeitiçado pelo mar.
Bússola: saiba calcular o desvio da agulha, o que, felizmente, não é nada difícil
O segredo está em achar um ponto do barco que seja magneticamente neutro
Com a popularização dos aparelhos eletrônicos é cada vez mais raro ver barcos navegando através de bússolas e cartas em papel. É natural que isso aconteça, mas esta atitude embute riscos (eletrônicos, afinal, sempre podem pifar e dependem de baterias para funcionar...) e leva as pessoas mais acomodadas a sequer “aprender” a usar corretamente a bússola, o que não é algo tão óbvio quanto parece.
O problema, no caso, é que toda bússola precisa ser “calibrada” e, se ela não tiver “gráfico de desvio”, pode se transformar num tiro pela culatra na hora da necessidade. Em outras palavras: se você não conhecer o “erro” da agulha da sua bússola em cada rumo não terá como saber que está no curso certo. Certo?
Bússolas, como se sabem bem, são equipamentos magnéticos. Portanto, massas de metal a bordo, como o próprio motor, podem interferir nas leituras da agulha – e é isso que precisa ser calculado e aplicado nas medições. Saber de antemão qual é o”desvio” em cada rumo é indispensável para a segurança da navegação.
De maneira bem prática, isso pode ser feito com um cartão de papel que tenha desenhado os 16 pontos cardeais de uma rosa dos ventos. A saber: N (0o), NNE (22,5o), NE (45o), ENE (67,5o), E (90o), ESSE (112,5o), SE (135o), SSE (157,5o), S (180o), SSW (202,5o), SW (225o), WSW (247,5o), W (270o), WNW (292,5o),NW (315o) e NNW (337,5o). Para não correr riscos confiando apenas na memória, marque neste cartão os desvios da bússola do seu barco.
Mas, e como se calcula este desvio? Bem, existem profissionais especializados em criar estes cartões, mas você pode fazer isso sozinho mesmo. É bem fácil. O jeito mais simples requer apenas uma bússola de alidade manual. Escolha um ponto do barco livre de massas de metal ferroso e peça para alguém ir comparando – e marcando – as diferenças entre a sua medição e a que aparece na bússola fixa, nos tais 16 pontos da rosa dos ventos. Eventuais diferenças são os pontos de desvio que devem ser assinalados no cartão.
Se você não tiver certeza quanto a neutralidade magnética do local onde a checagem foi feita, pode testá-la da seguinte forma: escolha um ponto do cockpit que lhe pareça neutro, tome o rumo de um objeto distante e navegue o barco para cada um dos 16 pontos cardeais. Se a alidade estiver bem calibrada, o rumo do objeto nela permanecerá inalterado. Mas, se o rumo não se mantiver constante, vá mudando de posição no cockpit com a bússola manual, até encontrar um ponto magneticamente neutro.
Complicado? Que nada! Em meia horinha está tudo feito e suas navegações bem mais seguras. Mais até do que qualquer eletrônico pode oferecer.
Por Lucas Tauil, revista Náutica
sexta-feira, 28 de junho de 2013
Enjôo: o que não se deve fazer
Os sete pecados capitais que devem ser evitados a todo custo por quem tem tendência a enjoar no mar. Senão, já sabe…
1. Dormir pouco na noite anterior ao passeio. O cansaço físico acentua o mal-estar e a fadiga gerados pelo próprio enjoo. Bem descansado, o organismo resiste mais e melhor aos balanços do mar.
2. Beber bebidas alcoólicas antes ou, principalmente, durante o passeio. O álcool desidrata o organismo e facilita o enjoo. Também deve-se evitar café, chá e até chocolates, porque a cafeína, presente em todos estes itens, aumenta o mal-estar.
3. Comer comidas pesadas ou ficar em jejum. Pratos gordurosos ou muito salgados têm digestão mais difícil, bem como os doces demais, que aumentam a fermentação no aparelho digestivo e agravam a sensação de mal-estar. Por outro lado, ficar em jejum só piora, porque a liberação de ácido gástrico no estômago aumenta o enjoo e a fome pode até provocar falta de glicose no sangue — que tem, entre os seus sintomas, justamente o enjoo.
4. Ficar dentro da cabine, ler ou fotografar, porque, nestas situações, há um desencontro de informações enviadas ao cérebro, o que gera enjoo — o corpo sente o balanço do barco, mas os olhos, fixos em algo ou num ambiente fechado, comunicam que está tudo parado. E este conflito é um perigo.
5. Sentar onde há cheiro de combustível ou de fumaça, que costumam deixar mareado até quem não é tão suscetível assim a enjoos. Evite, portanto, a popa das lanchas, embora seja justamente ali que elas são mais estáveis.
6. Não tomar remédio para náuseas antes de embarcar. Medicamentos são essenciais para quem tem tendência a enjoar. Um aviso: eles devem ser tomados cerca de uma hora antes de partir, porque, depois que o enjoo chega, não há remédio que cure.
7. Ficar olhando para baixo ou para um ponto fixo na água, porque isso também provoca o tal desencontro de informações no cérebro, que é a causa real do enjoo. Bem melhor é mirar o horizonte, em local aberto e ventilado, e aproveitar para distrair a mente, com a beleza daquele passeio de barco.
Da revista Náutica 277
Eu utilizo para prevenir o enjoo, Meclin(meclizina) 25mg. Começo a tomar vinte e quatro horas antes do passeio e uma hora antes de embarcar.
.
quinta-feira, 27 de junho de 2013
Noticias dos amigos que andam velejando pelo Atlântico
O veleiro Amazonas sob o comando do amigo Zanellinha saiu de Chaguaranas em Trinidad e esta voltando pra casa.Qualquer dia desses passa por Natal pra comermos um churrasco.
Já o veleiro Dóris do comadante Rubens, está começando sua viagem rumo a Recife para participar da Refeno e depois seguir para o Caribe. Tambem aguardado em Natal para demontrar os dotes culinarios da comandante Rita.
Ja o Avoante do comandante Nelson faz uma temporada relax em Itaparica, de onde saem as vezes em expedições rodoviarias em busca de novos lugares e novas receitas para aumentar o ja vasto conhecimento culinario bahiano da Lucia.
Os amigos dos veleiros Sobá do comandante Ricardo e Bar a vento do comandante Alípio estão com os Spots desligados mas sabemos que continuam curtindo os Açores de onde dizem é dificil sair, pela beleza do lugar e pelo povo acolhedor que vive lá.
Em breve trago mais notícias desse povo que vive por estes mares.
segunda-feira, 24 de junho de 2013
O Doris começa sua aventura
Os amigos Rubens Souza e Rita Torres a bordo do veleiro Doris, começam sua aventura de morar a bordo e viajar por ai.
Sairam nesse final de semana de Ilha Bela e ja começaram a subir o litoral brasileiro para em setembro estarem em Recife onde participarão de mais uma Refeno, com uma tripulação ja escalada para um divertimento seguro.
Quem quiser acompanhar a viagem do Doris, vou colocar nos links favoritos deste blog e tambem pode clicar aqui.
Detalhe importante: Rita é uma otima cantora, por onde passar vai ter que dar uma palhinha.
Em Natal ja estamos aguardando!
Um grande abraço aos amigos e uma otima velejada,cheia de experiencias boas aos dois.
quinta-feira, 13 de junho de 2013
A viagem para Cabo Verde
Era para ser uma viagem sem muitas novidades, a não ser, o fato de que a faríamos no sentido contrário ao da quase totalidade dos velejadores. Pois não estaríamos vindo de Cabo Verde para Natal/RN, a favor das correntes e dos ventos, mas indo de Natal para Cabo Verde (CV), com esses elementos todos na cara.
A tripulação era um o Jorge, um português dono do barco, e eu. Ele com mais de 40 anos de experiência em delivery e eu com muita vontade de aprender. O barco, um veleiro modelo clássico de 28 pés, construído na Inglaterra, chamado Oliver.
Combinamos que eu só iria acompanhá-lo se o barco tivesse um bimini. Foi ai que começaram os problemas da viagem. O tal bimini demorou duas semanas para ficar pronto e a viagem, que estava marcada pra começar dia 17 de fevereiro 2013, só foi sair dia 04 de março.
Saímos no dia 04 de março pela manhã e já começamos com o vento na cara. A previsão dizia que o vento seria de través, mas ninguém avisou isso ao vento. Dia 05, no final da tarde, passamos por Fernando de Noronha e mudamos o rumo mais para o Norte. Dia 06, amanheceu com o vento já querendo desaparecer, o que ocorreu depois das 10h. Somente fomos saber o que era vento novamente, e fraco, depois do dia 18. Durante doze dias só ouvimos o barulho de motor e assistimos nosso diesel ir embora. Acreditávamos que depois disso, o vento viria com tudo e velejaríamos confortavelmente, e rápido, para Mindelo. Nossa surpresa foi grande quando o vento apareceu fraquinho, com ondas enormes e com curtos espaços entre elas. De onde vinham essas ondas se não tinha vento?
Assim foram muitos dias, com alternância de ondas, sem vento e com vento de 18 nós com rajadas de 23. Junte a tudo isso uma corrente que calculamos de 2 a 3 nós, contra obviamente. Traçamos dois rumos, um para Mindelo e outro para Praia, e tentaríamos o que ficasse mais fácil. Porém, não conseguíamos avançar acima de 330º nem abaixo de 90º, o que não nos levava para nenhum ponto.
O fato de não irmos a lugar nenhum tornou alguns dias angustiantes e nos assombrava a ideia das provisões acabarem. Teve uma semana que em quatro dias navegamos apenas três milhas para frente. Palavra que deu vontade de chorar, de pular no mar e ir embora a nado. Num Domingo velejamos muito o dia todo e na Segunda-Feira descobrimos que estávamos algumas milhas para trás. Foi um baixo astral que não dava vontade nem olhar um pra cara do outro, pois não conseguíamos explicação para o que estava acontecendo. Tinha dia que velejávamos muito bem o dia todo e a noite o vento parava e a corrente nos levava para trás. Outras vezes mudava o turno numa velejada boa à noite e navegávamos pra trás de dia.
Depois de 16 dias nosso combustível estava quase no fim e nossos suprimentos não estavam lá essas coisas. Quando passou um pesqueiro japonês chamado Shinryu Maru nº11 resolvemos pedir 50 litros diesel. Dissemos que nossos mantimentos estavam ficando escassos e precisávamos do combustível para chegar a Cabo Verde antes que acabassem. Não sei se eles não entenderam direito ou eram muito mais precavidos do que nos, mas deram 80 litros de diesel e um monte de comida e água, o que viria a ser de vital importância dias depois, pois consumimos todos os alimentos, o combustível e não conseguimos chegar. Nos últimos 11 dias só o que tínhamos para comer era o arroz que os japoneses haviam doado.
Quando estávamos perto da ilha do Fogo, e com um mar virado, cruzamos com o ferryboat, que liga as ilhas, o Crioula, que nos indicou o Vale dos Cavaleiros, um Porto para descansar e esperar o mau tempo passar.
Esse Porto esta em construção e ainda não esta nas Cartas Náuticas, o que tornou difícil nossa entrada. Por ser um Porto para navios de cabotagem ele não tem estrutura para receber veleiros ou barcos de pequeno porte. Assim que ancoramos e nos preparamos para descansar, fomos avisados que deveríamos sair, pois estavam chegando dois navios. Na pressa de sair, pois os navios já estavam muito próximos, ao soltar a amarra, prendi dois dedos num passa cabo que me deu um belo susto, com a fratura de um e um corte no outro.
Antes de irmos ao hospital fomos dar entrada junto às autoridades. Como Vale dos Cavaleiros não é um Porto turístico, as autoridades não sabiam o que fazer e resolveram reter nossos passaportes e enviá-los para Praia, a capital do País, na ilha de São Tiago. Lá seria dada a entrada e depois os passaportes seriam enviados para Mindelo, na ilha de São Vicente, nosso próximo Porto.
Depois de medicado fomos conhecer a ilha do Fogo, que na verdade é um vulcão, um lugar maravilhoso com um visual que parece outro planeta, com muita lava derramada por todos os lados.
Em Fogo fica a cidade de São Filipe, muito linda, com um povo simpático como todo o povo caboverdiano.
Depois de esperarmos alguns dias, para evitar o risco de infecção nos meus ferimentos, abastecemos com diesel, de sobra, para irmos até Mindelo só no motor. Fizemos essa travessia em 34 horas.
Chegando a Mindelo as primeiras pessoas que encontramos foram o Alan e a Graça, ele francês e ela baiana, um casal que havia saído uma semana antes de nós, mas que tinha voltado um dia antes da nossa partida, pois haviam quebrado um dos estais. Ele nos contou que o concerto do estai durou quatorze dias e já fazia uma semana que estavam a nossa espera.
Foi bom encontrá-los, fizemos muitas caminhadas pela cidade e conhecemos muitos lugares juntos.
Depois de cinco dias já estava na hora de voltar ao Brasil, pois tinha feito reserva num voo que sairia de Mindelo para Praia, de Praia à Fortaleza e em seguida de Fortaleza para Porto Alegre, uma verdadeira maratona com duas noites para dormir em aeroportos. Só que na véspera da saída nossos passaportes ainda não tinham chegado a Mindelo, apesar de todos os dias irmos à Polícia Marítima e eles sempre dizendo que estavam a caminho. Como era véspera da viagem e os passaportes não terem chegado, e não houvesse mais tempo para vir, o chefe de polícia entrou em contato com Praia e me deu uma autorização para viajar e pegar o meu passaporte com o chefe de polícia de lá. Assim embarquei para Praia no dia 01 de Maio, feriado mundial. Lá chegando, perguntei como encontrar o chefe de polícia e informaram que por ser feriado somente seria possível no dia seguinte. Como meu voo somente sairia às 14 horas do dia seguinte, não vi problema em esperar. Dormi no aeroporto e no dia seguinte bem cedo fui caminhando ate o Porto, onde fui atendido por um sujeito que me pareceu ter levantado com o pé esquerdo e de cara foi dizendo o que todos tinham dito: Que eu tinha entrado ilegal no país dele, que estava errado e blábláblá. Depois veio dizer que o sujeito que era encarregado do meu passaporte estava num curso e que sairia depois das 14h30min e ai então ele iria procurar meus documentos. Eu disse que não podia ser assim, pois meu voo sairia às 14h20min e eu tinha que estar duas horas antes para o check-in. Ai ele se alterou, disse novamente que eu estava ilegal no país dele e que eu não iria sair naquele dia de jeito nenhum.
Falei que iria procurar a Embaixada Brasileira para resolver a situação. Pronto, o cara ficou possesso. Disse que procurasse a Embaixada e um advogado, pois iria complicar as coisas pro meu lado.
Sai dali meio no desespero e fui direto para a Embaixada, onde o Vice-cônsul, Sr. Romel Costa, me atendeu e já saiu telefonando e agitando contatos junto com sua secretária, Dona Maria José. Aliás, os dois parecem conhecer todo mundo em Praia ou até mesmo em toda Cabo Verde.
Logo ficamos sabendo que eu havia ido ao lugar errado, no Porto, pois meu passaporte estava no escritório do chefe da Polícia Marítima, o qual nos atendeu pessoalmente (o vice-cônsul, a secretária e eu) e pediu desculpas pelo mal entendido, mandando um de seus policiais nos acompanhar ate o Porto para carimbar minha entrada, o que desde o dia 16, quando o entreguei, ainda não tinha sido feito.
Quando chegamos, o cara responsável pelo carimbo era exatamente aquele simpático da parte da manhã que para piorar, tinha ido almoçar em casa. O Sr. Romel foi busca-lo , no meio do almoço, para que carimbasse e assinasse o passaporte. O camarada fez o serviço pedindo desculpas pelo mal entendido. Mas eu achei que ele estava de muita má vontade e bem incomodado com a situação. Ele escrevia os dados nas fichas quase desenhando as letras de tão devagar, apesar de dizermos várias vezes da nossa pressa, pois já era mais de uma hora da tarde, e dona Zezé estar ligando para a empresa aérea, pedindo para segurarem o check-in. Saímos dali e ainda tivemos que levar o sujeito para terminar seu almoço e depois corremos para o aeroporto. Quando chegamos, Vice-cônsul, secretária, policial e eu, fizemos o check-in furando a fila e nos despedimos no portão de embarque. Fiquei esperando por alguns minutos e aproveitei para fazer umas compras no free shop. Quando mandaram embarcar, me dirigi ao avião e um rapaz ao meu lado falou: Antonio Carpes? Achei que fosse algum conhecido e respondi: Oi, eu mesmo. Tudo bem? Ele então me pediu que lhe entregasse o passaporte e se identificou como oficial da Polícia Judiciária.
Fui levado para a sede da Polícia Judiciária e colocado em uma sala onde por várias vezes tive que contar a história da minha viagem para vários agentes diferentes. Depois de um tempo, me levaram a presença do comandante daquela unidade que, pra variar, queria ouvir minha história e anotou tudo o que falei, repassando alguns pontos para ter certeza. Depois fui levado para outra sala, onde pediram licença para revistar minha bagagem, o que foi feito com cuidado e por um rapaz melhor em arrumar mala do que eu, pois no final, ficou mais organizada e com mais espaço que antes.
Durante todo esse tempo pedi que me deixassem ligar para minha esposa, pois quando não desembarcasse e não desse notícias, ela ficaria muito preocupada, ou que então me deixassem ligar para a Embaixada do Brasil, já que eles haviam me levado ao aeroporto e acreditavam que estava tudo bem. O tempo todo eles disseram que eu não ficasse preocupado, pois já tinham entrado em contato com a Embaixada, que isso era coisa de nível superior e que o chefe de polícia tinha falado com o pessoal de lá. Pediram que eu ficasse tranquilo, como se fosse possível, e que eu não estava detido, mas somente prestando um esclarecimento. Ah bom! Então eu posso ir embora quando quiser? Pode, mas é bom esperar só mais um pouquinho.
Como eu iria querer ir embora com tanta gentileza.
Enquanto eu era interrogado ali em Praia, em Mindelo eles estavam atrás do Jorge, meu companheiro de viagem, e devem ter feito o mesmo procedimento com ele, pois no dia seguinte, quando nos falamos, ele disse que também tinha tomado um chá de banco e que as autoridades tinham tirado o barco fora da água e cortado o casco em cima da quilha e por baixo da linha d’agua, além de fazerem vários furos para ver se não tinha um casco duplo.
Lá pelas 21h o comandante reapareceu e disse que ia me levar para telefonar para minha esposa, depois me levou para jantar e encontrar uma pousada, pediu que eu me apresentasse no dia seguinte, novamente eu disse que iria primeiro na Embaixada Brasileira, com o que ele concordou.
Acordei cedo e me mandei pra Embaixada, quando cheguei o vice-cônsul deu um pulo.
-- Que tu faz aqui cara, te coloquei no avião ontem?
--Eh, mas eles me tiraram!
Contei a historia toda e ele pegou o telefone e saiu cobrando explicações das autoridades. Disseram para que ficasse na Embaixada e que se fosse preciso, ligariam para eu me apresentar novamente à polícia.
A partir dai não me restou outra opção, a não ser esperar mais uma semana pelo outro voo para o Brasil. E como diz aquela máxima: Se te derem um limão faça uma limonada. Aproveitei para fazer novos amigos e conhecer Praia, que eu havia passado direto sem tempo de visitá-la.
Através do Sr. Romel, que me cedeu um apartamento que ele havia alugado para o filho, fiquei conhecendo outro Jorge, o Jojó, dono do bar Celebridades, onde conheci também um monte de gente bacana que era frequentadora do local.
No domingo fui convidado para conhecer o interior da ilha, onde, além das paisagens lindas, tem uma infinidade de pontos na estrada onde se come, cachupa (um prato local, tipo feijoada, com dois tipos de feijão, milho e carne de porco), porco assado e frito, torresmo em pedaços enormes e toma-se uma cervejinha e um grogue, que é a cachaça local.
Quando chegou o dia de vir embora, o Vice-cônsul ainda fez questão de me presentear no almoço com um coelho limpo e temperado por ele.
Por fim, a ilha em que eu iria passar sem ter tempo de conhecer, graças ao incidente com a polícia, foi a que eu mais aproveitei e fiz mais amizades.
Foi uma ótima limonada!
Queria deixar aqui minha ótima impressão de Cabo Verde e de seu povo, o qual por onde passei fui super bem recebido. E deixar um agradecimento especial aos amigos que fiz em Praia, pois foi o momento mais difícil e onde recebi um apoio fraternal de todos.
Queria dizer também que: Se alguém tiver um barco em Natal e queira levar para Cabo Verde, lembre-se de mim, mas não pense em me convidar.
terça-feira, 28 de maio de 2013
Justiça Federal desfaz o contrato de uso comercial da Marina da Glória
Novíssima decisão, publicada em 24 de maio de 2013, pela 11ª Vara da Justiça Federal, é o mais novo capítulo nessa história cujos pingos nos “is” vão sendo postos também pela Justiça.
(…) “… desconstituir o Contrato nº 1.713/96, de concessão do uso das instalações, da exploração dos serviços com finalidade comercial, da gestão administrativa e da revitalização do Complexo Marina da Glória,firmado entre o Município do Rio de Janeiro e a EBTE – Empresa Brasileira de Terraplanagem e Engenharia S.A, cessando seus efeitos a partir de sua celebração.” - Assinado: Vigdor Teitel – Juiz Federal da 11ª Vara
Esse é o resumo da decisão em mais um processo judicial – uma Ação Popular impetrada por vários cidadãos, em 1999 (Processo nº 0059982-10.1999.4.02.5101 (99.0059982-9) -, relativo ao (mau) uso que foi e está sendo dado à área da Mariana da Glória, no Parque do Flamengo, e que agora alcança o seu primeiro resultado concreto.
Os fundamentos da sentença (mais de 50 paginas), que levaram o juiz federal a desconstituir o contrato de revitalização da Marina, nos explicam que não se pode desvirtuar as finalidades náuticas do local, razão de ser da cessão da área ao Município em 1984.
Essa cessão foi justificada, à época, pela realização do projeto de Amaro Machado, denominado Marina-Rio, e cujas plantas encontram-se no processo. Note-se que esse prédio , de 1600 m² seria, pela proposta atual, demolido e substituído por outro, com o dobro de altura e de 20 mil m² de construção !
A seguir, os interessantíssimos trechos da decisão judicial, que falam por si, e cuja íntegra encontra-se no link ao final do texto.
Trechos da sentença, com grifos nossos
(…) “A exploração comercial da Marina da Glória está diretamente relacionada com sua aptidão natural (eminentemente náutica) e com a observância dos interesses coletivos dos usuários do local, não se concebendo que o desenvolvimento de atividades comerciais em uma marina se identifique com a exploração de empreendimentos e complexos comerciais, sendo lícito compreender, por genérica em demasiado a descrição da norma editalícia, que equivaleria até mesmo à exploração inerente a um shopping center. (…) p.45
P.51 e segs: “Como já explanado, no contrato de concessão de uso outorga-se ao particular o uso de um bem público, para que o explore, segundo a sua destinação original. No caso da Marina, a finalidade de sua utilização está relacionada à vocação natural do local, eminentemente náutica. É o que se depreende, tanto do espírito da cessão levada à efeito pela União, quanto pelo Regulamento da Marina da Glória, que integrou o edital de Concorrência nº 002/96 e o Contrato nº 1.713/96 (fl. 96):
‘Capítulo II – FINALIDADE DA MARINA DA GLÓRIA
Seção I – Da destinação da Marina da Glória
Art. 3º – A Marina da Glória destina-se a acolher embarcações de esporte e recreio, bem como prestar serviços a seus usuários e à comunidade em geral.
Art. 4º – Em situações de emergência, poderão ser acolhidos outros tipos de embarcações que não se enquadrem na categoria de esporte e recreio, cuja permanência estará limitada ao tempo necessário aos reparos essenciais, a despeito do pagamento das tarifas que sejam devidas.’
“A descrição dos serviços, constante do item II do Projeto Básico e Estudo de Viabilidade Econômica, que também compôs o edital do certame (fl.101), orrobora a finalidade da Marina voltada à consecução de atividades náuticas:
‘- CONCEPÇÃO DO PROJETO:
“Especificamente, serão delegados os seguintes serviços:
a) incentivar a prática amadorista dos esportes náuticos, promovendo torneios e competições do gênero;
b) criar e manter serviços que facilitem a atracação, a estadia e o abastecimento de embarcações de turismo e lazer;
c) apoiar as operadoras e transportadoras turísticas na promoção de passeios marítimos, facilitando o embarque e o desembarque de passageiros através do seu terminal;
d) manter e conservar as instalações da Marina em estado de segurança, conforto e funcionalidade;
e) planejar, administrar e controlar as atividades relativas à segurança interna, transportes, portaria, zeladoria, secretaria, recepção e operação da Marina;
f) vender ingressos, receber dinheiro, bens e valores;
g) arrendar seus equipamentos e instalações, quando no atendimento de seus objetivos;
h) promover cursos, palestras e exposições sobre esportiva náutica;
i) manter ajustes com instituições congêneres nacionais e estrangeiras.”
Veja-se, ainda, que segundo o próprio Projeto Básico e Estudo de Viabilidade Econômica, elaborado pelo ente municipal, o fomento de atividades comerciais deveria ser feito dentro da área enfitêutica, nos exatos limites do contrato de cessão (fl. 102). Note-se, por oportuno, que depois de celebrado o Contrato nº 1.713/96, foi elaborado Regimento Interno da Marina (aprovado pelo Decreto Municipal nº 15.460, de 09.01.1997 – fls. 258/265), na qual restou suprimida a finalidade da Marina, na forma constante do Regulamento que integrou o edital de Concorrência nº 002/96 e o Contrato nº 1.713/96. A finalidade e o interesse público estão sempre presentes nos contratos firmados pela Administração, como pressupostos necessários de toda a atuação administrativa.
Não se olvide, ainda, que a Marina está inserida em área tombada, o que, também sob esse viés, impõe a observância do uso em conformidade com a destinação pública que lhe é ínsita.
O poder discricionário conferido à Administração Municipal de escolher, entre várias condutas possíveis, a que traduz maior conveniência e oportunidade para o interesse público, fica limitado pela própria lei, pela destinação pública do bem e, no caso em tela, também pelo atendimento da cessão perpetrada pela União. A discricionariedade, frise-se, não pode servir de escusa para privilegiar interesses privados.
Tal como engendrada a exploração de serviços com finalidade comercial, permitindo a prestação de serviços de qualquer natureza e a realização de eventos culturais, sociais e esportivos, de forma indiscriminada, sem afinidades com a destinação náutica da Marina (itens “e” e “f” da cláusula) encerrou um desvio de finalidade, por desvirtuar a destinação primária do bem público.
Na mesma ordem de idéias, a concessionária da Marina, no exercício do direito de uso do bem questão, inclusive para exploração comercial, deve aterse à finalidade previamente determinada ao bem cedido e não pode se afastar do interesse público, sob pena de desvio de finalidade e a anulação de qualquer ato que lhe contrarie.
Não se defende aqui uma postura intransigente em relação às atividades e serviços desenvolvidos na Marina da Glória, mas sim que os mesmos guardem pertinência com a destinação original do local (náutica) e que não rivalizem com o interesse público e com a preservação do valor paisagístico e cultural do bem.
O desvirtuamento da destinação natural da Marina foi demonstrado pelos autores populares, conforme documentos de fls. 106/111 e 114/115, que apontam a realização no local de feiras de moda, exposição e venda de veículos automotivos, eventos de música e dança, exposições sobre estágios e carreiras, campeonato de carros com som de maior potência, bem como a instalação de escritório de empresa de serviços de praticagem de navios e utilização do local para fundeio de embarcações da referida empresa. Os sucessivos projetos de exploração econômica da Marina da Glória, com a ampliação de lojas, restaurantes, vagas para estacionamento em detrimento de vagas secas para barcos, também demonstram o intuito de se privilegiar o atendimento de interesses particulares da ré EBTE, em detrimento do interesse público inerente à preservação do patrimônio histórico tombado
A anulação do Contrato nº 1.713/96 operará efeitos retroativos, cessando os seus efeitos a partir de sua celebração (…)”…
Do blog de Sonia Rabello
quinta-feira, 23 de maio de 2013
O e-mail
Estou reproduzindo esse e-mail que muito me emocionou, quando lido para mim pelo Embaixador brasileiro em Cabo Verde, ressaltando como eu tinha grandes amigos e que prontamente tinham me acudido na hora que precisei.
Mais uma vez, meu muito obrigado ao Wilson!
Saudações,
Meu nome é Wilson Chinali Junior, sou Tenente Coronel do Exercito Brasileiro, servindo em Joao Pessoa, estado da Paraiba, no Hospital de Guarnição de Joao Pessoa. Minha identidade militar é *********-*, emitida pelo Ministerio da Defesa do Brasil no ano de 1.991 (antigo ministerio do exercito).
O motivo pelo qual entro em contato é a situação de um cidadão brasileiro, meu amigo e conhecido, que fez uma travessia à bordo de um veleiro, uma travessia muito demorada para os padrões normais, que teve problemas com ventos desfavoráveis e correntes marítimas contrarias, e que por isso -pela demora- está detido em Praia, sob suspeita de algo errado devido à demora na travessia.
Eu, como Oficial Superior do Exercito Brasileiro e amigo pessoal, tenho a convicção de que não houve nada de ilegal com o cidadão brasileiro em questão, e na condição de militar servidor publico federal brasileiro, solicito vossa atenção à bem da ordem juridica em geral e do caso em particular, no sentido de levantar a situação e cavar a liberação de nosso amigo.
O nome do cidadão brasileiro detido em Praia é Antonio Carpes, e o veleiro que tripulou até Cabo Verde é o Oliver, que está em Cabo Verde desde 15 abril do corrente ano, tendo atracado primeiramente em Fogo, e depois em Mindelo.
Estou à disposição para qualquer duvidas, meu telefone de contato é o 55-83-****-****, e meu email é esse pelo qual envio a presente solicitação.
Importante salientar que o brasileiro em questão necessita de tratamento médico especializado pois teve problemas num acidente com a mão durante a travessia, e deseja retornar ao Brasil o mais rápido possível para realizar o tratamento de saude necessário.
Um fraterno abraço e desde já manifesto minha interia confiança na força e na beleza de Cabo Verde e de nossos representandes bralileiros nessa embaixada.
Wilson Chinali Junior
Prefeitura de São Luis repensa decisão sobre estaleiros artesanais
Parece que as autoridades Municipais de São Luis tiveram um momento de lucidez e repensaram o problema que haviam criado.
Retirado do Diario do Avoante,
“Depois da denúncia do construtor naval Sérgio Marques, divulgada aqui no Blog, que a Prefeitura de São Luís do Maranhão havia mando fechar os estaleiro de construção amadora no munícipio, alegando falta das licenças ambientais, o que criou uma onda de solidariedade e perplexidade por todo o Brasil, parece que as coisas entraram no rumo na Ilha Maravilha.
Caro Nelson e todos que se solidarizaram com a causa,
Depois de intensa mobilização há uma luz de esperança e uma perspectiva de avanço. A prefeitura municipal de São Luís se comprometeu a apoiar a construção artesanal daqui. Reuniu-se com vários construtores e designou imediatamente um grupo de trabalho para elaborar o projeto para regularização legal e permanente da atividade, assim como promover e orientar os devidos ajustes que se fazem necessários aos construtores navais cumprirem no médio e longo prazo. Admitiu que os construtores não deveriam sofrer retaliações, sim incentivados e ser vistos como um motivo de orgulho para cidade.
Ficamos esperançosos não só por causa do tratamento pro ativo dado a causa, princialmente porque vislumbramos atitudes concretas e imediatas que começaram a ser tomadas pelo grupo de governo.As de caráter imediato e as necessários para o prolongamento da atividade. Uma atitude que apareceu atabalhoada pode se reverter a favor da construção e manutenção de barcos nas áreas tradicionais .Gostaria que passassem adiante este nosso otimismo! Vamos torcer para que essa brisa de bom tempo se transforme num vento favorável tranquilo duradouro.
Sérgio Marques _Estaleiro Bate Vento”
segunda-feira, 20 de maio de 2013
Brasileira que dá a volta ao mundo sozinha fará parada na Ilha de Páscoa
Izabel Pimentel deve aportar na Ilha de Páscoa ainda nesta semana. A velejadora brasileira, que tentava dar a volta ao mundo sem escalas, capotou o barco num dos trechos mais perigosos do oceano austral e decidiu se dirigir para o trecho de terra mais próximo para avaliar as avarias em seu barco. Após a capotagem, Izabel ainda conseguiu consertar uma cruzeta quebrada e pensou em seguir viagem, mas ela teria de passar pelo temido cabo Horn, o ponto mais temido dos oceanos. Qualquer pequeno problema na mastreação, por invisível que fosse, poderia ficar evidente nos mares revoltos do cabo Horn. Por isso, Izabel achou melhor parar para reparos da ilha de Páscoa.
A mato-grossense foi a primeira brasileira a cruzar o Atlântico sozinha, e se preparava para ser a primeira mulher do país a contornar o planeta sem escalas. Apesar de se ver obrigada a parar, ela continua com o objetivo de completar a volta ao mundo (com paradas). Ao chegar à França, de onde partiu, Izabel será a primeira Brasileira a contornar o globo velejando sozinha.
Na noite de ontem (domingo), Izabel ainda estava há cerca de 455 milhas da Ilha de Páscoa, velejando com velocidade entre 4 e 5 nós. Nesse ritmo, ela deve chegar à ilha antes do próximo domingo (26).
A brasileira leva uma gatinha a bordo do veleiro, e chegou a anunciar que rumaria para o litoral chileno, e não para a ilha de Páscoa, por conta de restrições que a ilha faz a animais exóticos. Aparentemente, o problema está resolvido e Izabel se dirige mesmo para a ilha de Páscoa.
Por Antonio Alonso, no blog Sobre as Águas
Prefeitura de São Luís do Maranhão, manda fechar estaleiros de construção artesanal no município
CaroSérgio Marques(Bate Vento Embarcações Artesanais Ltda), faço questão de divulgar sua revolta e espero que consigam reverter essa situação que acredito ser pura desinformação dos orgãos públicos, que parecem não ter conhecimento de quantos empregos diretos e indiretos estarão extinguindo.
“A Prefeitura de São Luís do Maranhão através da secretaria de Meio Ambiente está percorrendo todos os pequenos estaleiros, multando sumariamente e mandando suspender as atividades, a ordem é pagar a multa e fechar as portas. Os estaleiros de construção naval estão sendo considerados como praticantes de crime ambiental, sob o ponto de vista da prefeitura.
Esta ação já percorreu toda área e imediações da foz do ria Anil, Camboa, foz do Bacanga como Porto da Gabi, Vovó e Sitio do Tamancão. Nosso estaleiro Bate Vento Embarcações Artesanais Ltda., já foi notificado, multado e ordenado a suspender atividade a partir de 17/05/13. Temos alguns contratos em andamento, 26 funcionários regulamentados e 25 anos de atividade no ramo. Também nosso vizinho de porta, estaleiro do Sr. Gaudêncio se encontra submetido a mesma ordem da prefeitura. Não são só apenas estes dois, na nossa redondeza seis estabelecimentos tiveram que parar com a produção.
A exigência é a licença ambiental concedida pela prefeitura, por outro lado a prefeitura não fornecerá a tal licença ambiental porque não tem uma politica para o setor de uso do solo nas áreas ribeirinhas e de costa. Vejam que acabou de ser aprovada no congresso nacional a lei de modernização dos portos do Brasil!
A prefeitura demonstra desconhecer toda a tradição da construção naval maranhense. Pode ser ela ser de antigas canoas como dos atuais catamarãs. Provavelmente por desconhecimento, a Prefeitura não oferece nenhuma politica de regularização ou desenvolvimento para o setor, que é intensivo empregador de mão de obra. A regulamentação da atividade, ou melhor, a questão do uso do solo, durante décadas fora regulamentada pelas Capitanias dos Portos que concedia licença a título precário para funcionamento da atividade de reparo e construção naval, que pela própria natureza tem que ficar na beira do mar ou rio! Daí ficou passou a ficar por conta da união, que por sua vez alega não ser de sua responsabilidade, recaindo sobre o estado ou municípios a responsabilidade de legislar e regularizar a atividade.
A atividade da construção naval no Maranhão, que é secular e intuitivamente bem desenvolvida por aqui, vê-se ainda ao longo do litoral maranhense disseminados estabelecimentos a beira d’água, nas encostas, igarapés, etc. em inúmeros povoados do nosso litoral, das nossas retrancais espalhados em incontáveis municípios maranhenses os pequenos estaleiros! Mas a atual realidade é o abandono e menosprezo por parte das autoridades municipais e estaduais. Ela só serve ou tem reconhecimento se é para sair em fotos, cartão postal, livros , matérias de TV e até em alguns cursos “de capacitação” que algumas prefeituras ou ONGS fazem! No meu ponto de vista, fazem mais para se auto promoverem do que auxiliar os construtores navais propriamente ditos. Inclusive eu mesmo já fui convidado pela prefeitura municipal de São Luís a dar palestras sobre a construção naval, que fiz gratuitamente com a melhor das intenções, fui aplaudido e prefeitura tinha perfeito conhecimento da nossa atividade e localização. Também inúmeros jornais, programas de TV já demonstram com certo orgulho desta atividade produtiva desenvolvida no litoral maranhense. Nossa empresa já recebeu até medalha do Governo do Estado em reconhecimento da contribuição prestada ao setor.
O próximo passo para não falirmos, tanto o nosso estaleiro e quanto toda atividade que é maior que isso, que por hora passamos a ser tratados como criminosos, é buscar o espaço num fórum politico e jurídico para discutirmos a questão com civilidade, que anda muito em falta no município de São Luís.”
Este é o relato de um construtor naval, ou um trabalhador criminoso, como considera a prefeitura do Município de São Luís MA, ou outros. Sérgio Marques
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
Velejando para Cabo Verde
Espero voltar com muita coisa pra contar. Aguardem!
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
De João Pessoa à Barra do Cunhaú
O velejador Thelmo Varela e um amigo fizeram uma viagem que mostra, que quando se gosta de velejar e se tem um pouquinho de espirito aventureiro, pode-se desfrutar de um pequeno barco e se gozar uma grande aventura.
Parabéns ao Thelmo e seu companheiro e que continuem com suas velejadas e quando quiserem contar sobre elas o blog esta a disposição.
Segue o relato da aventura.
Dias atrás numa conversa um colega comentou da compra de um HC14 em João Pessoa, ele estava com dificuldade para trazer o barco para Barra de Cunhaú. Fiz "orçamento" por cima: "Velejar uns 70 km com vento leste, num HC14 a uns 10 nós + imprevistos = 6 horas e velejada" ou seja nada impossível de ser feito...
Mas o negócio foi ficando sério... o barco realmente seria comprado e precisaria vir para Natal.
O plano necessitou de revisões: na verdade são 90km, sem muita garantia de velocidade média devido aos ventos mais brandos do verão, barco bem usado, tripulação de 2 pessoas coisa&tal. A previsão foi corrigida para 7 horas e a empreitada dividida em 2 etapas:
1-de JP a Baía da Traição
2-de Baía da Traição a Barra do Cunhaú
O plano era sair de JP umas 09:00 com destino a Baía da Traição, avaliar o desempenho, desgaste da tripulação, horas de sol disponíveis e decidir se continuávamos ou seguíamos no outro dia.
Dia 16 saímos (eu, o feliz proprietário e a equipe de terra meu irmão, sua esposa e meu pai) às 05:00 com destino a JP, passamos em Bonfim para pegar os estais e acessórios para montar um trapézio, remos, coletes, uns metros de cabo e tudo mais que uma empreitada dessas merece.
Chegamos a JP umas 09:00 fomos inspecionar o barco, trocar uns rebites, manilhas colocar trapézio, prender remos, suprimentos, cabos extra mais meia hora de conversas coisa&tal. Como resultado o barco só foi para água às 10:30 e depois de um test drive seguiu para seu destino às 11:00. A velejada no início foi espetacular vento de uns 15 nós leste e o barco andando muito. Devido ao ótimo desempenho, parcos conhecimentos da região, de termos levado só um pedaço de uma carta náutica (mostrando de Cabedelo a Barra de Cunhaú) e do excesso de confiança que inebria os incautos, confundi a enseada que era Cabedelo com Lucena a achamos que Lucena já seria Baía da Traição. Ou seja, às 12:00 quando pensávamos estar chegando ao nosso primeiro objetivo ainda estávamos na metade do caminho. Para completar após passarmos por um banco de areia em Lucena o vento diminuiu muito e levamos mais umas duas horas e meia para chegar a Baía da Traição com o leme de bombordo desarmando de 20 em 20 minutos.
Chegamos a Baía da traição umas 14:30 e como capitão, apesar da insistência da tripulação em seguir adiante, decidi por encerrar o trajeto daquele dia. Pernoite em Baía da Traição e continuação no próximo dia. Inspecionamos o barco e identificamos o carrinho do moitão da mestra danificado, todo empenado já quase saindo do trilho, teria que seguir no próximo dia amarrado na posição central.
O acidente do percurso ocorreu ao deslocarmos o barco para próximo da pousada ao enfrentar uma arrebentação mais forte, com vento fraco e lemes sem funcionar direito viramos o barco. Quando retornamos ao normal a caixa do leme de boreste estava quebrada na parte superior, bem onde fica a trava do leme. Depressão total do dono do barco com trilho e leme quebrado. Não senti segurança em velejar com o moitão e leme armengados, especialmente pela entrada na boca da Barra de Cunhaú. Reajustamos o plano para retornar à Natal desmontar uma caixa de leme em Bonfim e retornar no domingo...
Domingo amanheceu com um dilúvio em Natal mas mesmo assim saímos às 06:00. Às 10:00 após os reparos estávamos na água. Mais uma vez a primeira hora de velejada foi espetacular, apesar da tripulação ter ficado meio desesperada, querendo por fina força rizar a vela com medo de uma capotada devido ao vento aumentando a cada minuto a medida que uma nuvem mais escura se aproximava, vela aberta no máximo e o barco correndo como nunca. Em hora e meia já estávamos em frente a Sagi e Baía Formosa já estava próxima.O único imprevisto foi o leme de bombordo que piorou desarmando a cada onda mais forte e teve que seguir amarrado, operação não muito agradável de executar com vento forte e mar grosso.
Passando Sagi o vento que tinha soprado leste desde JP mudou quase para Sul e rendimento diminuiu muito sendo necessário fazermos um rumo em Zig Zag para velejarmos com uma velocidade um pouco maior. Depois de uns 04 jibes com pernas de uns 20 minutos o progresso tinha sido muito pouco e seguimos numa empopada para Barra de Cunhaú.
Entramos no rio através de uma abertura nas pedras em frente a umas barracas na margem sul do rio, arrebentação estava forte mas o barco surfou uma onda das maiores e em pouco tempo estávamos em águas mais abrigadas. Reencontramos com a equipe de terra às 14:30 com a missão cumprida!
Thelmo Varela
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
Onde andam os amigos!
Aqui vão umas imagens dos Spots dos veleiros Andante, Avoante e Bar a Vento. Clique na imagem para acessa-los.
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013
Levando a geladeira pra passear
Alguem já viu um barco com uma geladeira como essa?
Esse jogou o ferro nas aguas do Potengi, e como o Nelson não esta em Natal para colocar essa novidade no Diario do Avoante eu resolvi documentar.
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
Pense num cara que merecia o pelotão de fuzilamento!
E tome bolachas!
Quando o oficial ordenou uma mensagem pedindo biscoitos para a ilha, não podia imaginar a confusão que o telegrafista aprontaria
Tinha bolacha ali para alimentar um batalhão inteiro. Das duas, uma: ou alguém naquela distante Ilha de Trindade gostava demais de biscoitos, ou tratava-se de alguma insólita medida de segurança para o caso de um eventual ataque nazista. Afinal, corria o ano de 1943 e o Brasil já havia oficialmente declarado sua adesão aos Aliados na Segunda Guerra Mundial. As águas do Atlântico Sul andavam, de fato, meio inseguras, já que mais de uma dúzia de navios brasileiros havia sido afundada por submarinos italianos e alemães, até então. E Trindade, quase no meio do Atlântico, a 1 200 quilômetros da nossa costa, era uma ilha altamente estratégica – e alvo dos mais fáceis – naqueles anos pouco amistosos.
Mesmo assim, aquele estranhíssimo estoque de quilos e mais quilos de prosaicas bolachas no depósito da ilha superava toda e qualquer teoria, já que, apesar dos tempos de guerra, Trindade sediava apenas uma pequena guarnição da Marinha, com não mais do que um punhado de homens. Aquela farta reserva de biscoitos, acondicionados em pequenas barricas de papelão, dava para matar a fome (ou a gula) de uma verdadeira guarnição. Ou, então, evitar a inanição daquele grupinho isolado na mais distante ilha do país por anos a fio. Seria esse o plano?
Não, claro que não! Era tudo culpa do telegrafista da ilha, um sujeito bem atrapalhado. A história começou quando o imediato ordenou ao rapaz que enviasse uma mensagem ao continente pedindo uma remessa de “uma ou duas barricas de bolacha”, Mas ele, desatento, entendeu “102” barricas de bolachas e mandou a mensagem desse jeito. Pedido atendido, e lá se foi para Trindade um carregamento inteiro, com 102 barricas de biscoitos.
Quando a carga chegou, o oficial, surpreso, ordenou ao mesmo telegrafista que passasse nova mensagem dizendo: “Não mande mais bolachas!”. E o rapaz, distraído, mais uma vez errou no texto, omitindo o mais importante: o “não” da frase. Ficou só “mande mais bolachas!”. E assim foi feito. Novas barricas chegaram à ilha, para desespero do oficial encarregado da guarnição.
Naquela altura, a reserva de biscoitos em Trindade já era o bastante para empapuçar um pelotão. E a falha do operador foi descoberta, sendo ele repreendido severamente pela omissão do tal “não”. Como forma de interromper aquele desesperador ciclo de remessas, o imediato ordenou nova mensagem, que dizia a mesma coisa, mas de uma forma que não permitisse deslizes. Dizia apenas: “Deixem de mandar bolachas!”. E ordenou o envio. Mas o telegrafista, querendo se redimir do erro decidiu, por conta própria, acrescentar o “não” que faltara na mensagem anterior. O resultado? Uma mensagem que dizia: “Não deixem de mandar bolachas!”
E mais bolachas chegaram à ilha...
Por capitão-tenente F. Medeiros
Postado na Nautica
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
Barco é atingido por periscópio de submarino dos EUA no Golfo Pérsico
Hoje lendo o livro “Passageiros do Vento” de Edson de Deus, achei interessante uma trecho em que, ja perto das Bermudas, ele fala da preocupação com a área a sudeste do arquipelago por onde é recomendada a aproximação, devido ao colar de recifes que o rodeia, que tambem é usada para exercicios com submarinos pelos EUA e Inglaterra.
Fiquei imaginando, que susto seria encontrar de repente um submarino no seu caminho e nem se fala então que tragedia seria um acidente com um monstrengo desses.
Pois qual não foi minha surpresa ao ler hoje no Popa essa materia, que reproduzo abaixo, sobre a colisão do periscópio de um submarino classe Los Angeles(nuclear) com um navio, por sorte não um veleiro, o que mostra que as preocupações do Edson não eram infundadas.
O periscópio de um submarino americano atingiu nesta quinta-feira um barco não identificado no Golfo Pérsico sem causar, ao que parece, vítimas ou danos significativos, indicou a V Frota da Marinha Americana em um comunicado.
O USS Jacksonville (foto), um submarino de classe Los Angeles, "danificou um navio em uma operação no Golfo Pérsico" às 5h locais (0h de Brasília), afirmou o comunicado.
"O Jacksonville saiu então à superfície para verificar se havia danos no barco não identificado", indicou o texto. Mas o navio "prosseguiu sua rota com o mesmo destino e a mesma velocidade, sem dar sinais de alerta ou reconhecimento de uma colisão", prosseguiu.
Apenas um dos periscópios do submarino ficou danificado, mas seu reator nuclear e sua central de propulsão permaneceram intactos, afirmaram. Qualquer incidente marítimo que envolva a base militar americana no Golfo Pérsico carrega o risco de desencadear uma crise, devido às tensões existentes entre Estados Unidos e Irã pelo programa nuclear de Teerã.
Fonte: Terra; Foto: USNavy
Posse da diretoria de vela
Na noite desta quarta feira, 23/01, aconteceu a posse do diretor de vela do Iate Clube do Natal, nosso amigo, velejador e incentivador da vela Ricardo Barbosa. Acompanhando a posse, aconteceu, como sempre nas quartas, aquele encontro etilico gastronomico, e que desta vez foi patrocinado pelo diretor. O evento aconteceu no novissimo american bar do iate, um local muito agradavel e que promete ser local de grandes encontros e comemorações.
Parabens ao Ricardo, que ele consiga realizar um bom trabalho a frente da diretoria de vela nesse novo periodo.
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
Obras de arte inspiradas na Volvo Ocean Race
A Assembleia Legislativa de Santa Catarina, em Florianópolis, abriu nesta semana a exposição "O Porto em Partida" do artista plástico itajaiense João Wencesslauw. As obras ficarão expostas na Galeria de Arte Ernesto Meyer Filho até o dia 27 de julho.
O trabalho reúne 18 telas e 10 gravuras que retratam o Porto de Itajaí e a etapa da Volvo Ocean Race, a mais importante regata de volta ao mundo, disputada na cidade em abril deste ano. Algumas telas foram produzidas pelo artista exatamente na largada dos barcos de Alicante, na Espanha, em novembro do ano passado.
A série de gravuras foi feita a partir de técnica de serigrafia e trata apenas da etapa catarinense da Volvo Ocean Race. O artista plástico utilizou combinações das cores primárias, secundárias e complementares em suas obras.
domingo, 20 de janeiro de 2013
Realizei um sonho, Velejei no Avoante
Ha muitos anos conheço o casal Avoante, Nelson e Lucia, e por incrivel que pareça nuca tinha tido a oportunidade de velejar com eles em seu veleiro. Portanto foi com grande prazer que aceitei o convite para acompanha-los numa viagem ate Maceio.
Saimos na madrugada da quinta feira juntos com o amigo, e futuro aluno do Nelson, Eduardo que estava tendo sua primeira experiencia na vela.
A velejada de Natal até João Pessoa normalmente não é flor que se cheire. Mas desta vez, com algumas exceções, foi ate bem simpatica com nosso estreiante Edu.
O Avoante não é um barco veloz, pois é a casa do casal e tem um bocado de coisas dentro, mas ja correu suas regatas antigamente. Porem é um barco confortavel na velejada, corta as ondas macio e não da bola pra mar de cara feia.
Nosso incansavel piloto automatico trabalhou com precisão o tempo todo, só deixando para a tripulação a tarefa de observar ao redor se aparecia algum barco ou rede pelo caminho.
O Eduardo é um dos seguidores dos blogs do Nelson e meu, e atravez do blog fez contato e foi convidado pelo Nelson para ir ao Iate conhecer o Avoante, depois disso virou frequentador das nossas atividades no clube(entendam ai churrascos e não velejadas rsrss) e so faltava uma velejada para ele ter certeza que queria mesmo ser velejador. Começou a viagem com um pouco de receio de enjoar, mas acho que o cara tem a vela no sangue, pois comeu pra caramba e ficou no meio de um mar virado escrevendo e lendo mensagens em seu pequeno smartfone, sem que tivesse o minimo sinal de mal estar e ainda entrou no barco varias vezes se dando ate o luxo de dormir ao lado do motor ligado, que sempre deixa escapar aquele cheiro de diesel que detona qualquer estomago.
A Lucia, que depois de descobrir o Meclin (não estou ganhando com merchandising) não enjoa mais, leu dois livros da coleção Crepusculo (olha o merchan ai de novo) só parava para nos preparar pratos saborosos, alias da cozinha do avoante saem pratos com nomes franceses que não me atrevo a repetir, por medo de errar, no cafe da manhã tem salada de frutas e torradas, pães feitos ali mesmo na hora e quentinhos. Se o sujeito não tiver problemas com enjôo ele certamente saira com alguns kilos a mais de uma velejada na companhia da Lucia.
O Nelson, acredito ser o mais puro espirito de cruzeirista, aquela tranquilidade de quem sabe o que ta fazendo,e faz o que gosta, nunca se preocupa se a vela mais regulada vai dar mais meio nó de velocidade ou não, alias, não pensa duas vezes em folgar as velas para equilibrar o barco e deixa-lo em melhores condições para a Lucia fazer algo gostoso la na cozinha.
Depois de 24 horas entramos em Cabedelo na Paraiba para um merecido descanso e embarcar mais um tripulante estreante, o Wilson, um cara que se mostrou um otimo companheiro de viagem e que ja tem uma bagagem tecnica, só faltando mesmo fazer um curso pratico para velejar.
Pensamos que iriamos ter que espera-lo, mas pra nossa surpresa ele tava tão pilhado pra velejar que ja estava nos esperando no pier, e depois de um almoço em um dos muitos restaurantes do Jacaré voltamos para o mar.
Normalmente se espera uma melhora boa na qualidade da velejada de Cabedelo para Recife, pricipalmente depois que passa o Cabo Branco, pelas condições do relevo que ja começa a entrar pra SO, mas não foi o que tivemos dessa vez.
Pensamos em ir direto para Maceio, mas o mar cresceu e o vento bateu com tanta vontade que terminamos tendo que entrar em Recife para esperar a coisa toda acalmar, ficando assim nosso tempo disponivel para a viagem comprometido e tendo, os tres, que literalmente abandonar o barco.
Acredito que para os tres foi uma experiencia muito boa, de minha parte realizei o sonho de velejar no Avoante e ver como ele é confortavel e seguro num mar pesado, para o Eduardo e o Wilson que estavam tendo sua primeira experiencia acho que foi positiva pois ambos curtiram e pegaram de cara condições rigorosas e se sairam muito bem sem o danado do enjoo que pode arrasar com o camarada numa viagem.
Gostaria de agradecer o convite ao casal Avoante e dizer que ainda quero fazer uma velejada com eles na Bahia onde eles são os reis dopedaço, quaquer hora nos encontramos nas aguas do Senhor do Bom Fim.
domingo, 6 de janeiro de 2013
Cerimônia para Mudar o Nome do Seu Barco
Este post eu achei no veleiro.net , ja faz tempo e hoje resolvi compartilha-lo com os leitores do blog, pois alem de útil é tambem muito divertido. Espero que gostem e se necessario façam uso dessa sabedoria.
Nem os mais céticos navegantes atrevem-se a trocar o nome de seus barcos.
Saiba o porquê e, mais importante, saiba como trocar "de maneira segura".
Todo mundo sabe que mudar o nome de um barco dá um azar danado e fará você querer esquecer tudo que diz respeito a náutica em geral. Mas e quando você, após meses de procura, encontra o seu sonho em forma de barco batizado com um nome insuportável para as suas convicções ou que será motivo de risos ao pronunciá-lo no rádio; ou pior ainda, com o mesmo nome da sua ex-mulher, com a qual a sua atual desconfia que você "anda tendo um caso"?
Mudar o nome de um barco deve ser encarado como um processo doloroso. Desde os tempos antigos, os navegantes sabem que existem "barcos azarados" e, entre esses, os mais azarados são os que desafiaram os deuses e trocaram de nome.
De acordo com a lenda, todo barco é "inscrito" pelo nome no Livro das Profundezas, uma espécie de registro de nascimento, e é conhecido pessoalmente por Poseidon e Netuno, os deuses do mar. É natural portanto que, se queremos mudar o nome de um barco a primeira coisa que deveremos fazer é excluí-lo do Livro das Profundezas e da memória de Poseidon. Este é um processo trabalhoso que começa pela remoção de qualquer traço do antigo nome. Isto é essencial é deve ser conduzido escrupulosamente.
No processo de remoção do nome, é aceitável que se use algum tipo de tinta corretora, muito usada nas máquinas de escrever de antigamente, para apagar o antigo nome dos livros de bordo e outros registros escritos. É recomendável, no entanto, a simples eliminação dos livros e papéis que contenham o nome antigo. Não se esqueça das bóias e do nome gravado no costado. Em nenhuma hipótese carregue a bordo qualquer coisa que exiba o novo nome até que todo o processo de purificação esteja terminado.
Quando você estiver certo de ter eliminado todos os vestígios do nome antigo, prepare uma chapa de metal com o antigo nome escrito com caneta hidrocor (tinta solúvel em água). Você irá necessitar também de uma garrafa de champagne de boa qualidade. Como se trata de uma ocasião solene, convide seus amigos para servirem de testemunhas.
Comece o ritual invocando o nome do soberano das profundezas como a seguir:
"Oh poderoso soberano dos mares e oceanos, a quem todos os barcos e nós que nos aventuramos em seus vastos domínios somos obrigados a prestar homenagens, lhe imploramos na sua imensa graça que elimine definitivamente de seus registros o nome (insira aqui o antigo nome do barco) o qual deixou de ser uma entidade em seus domínios. Como prova disso, nós submetemos esta chapa que o ostenta para ser corroída por seus poderes e, para sempre, banida dos mares (Nesse momento, jogue a chapa com o nome antigo no mar, pela proa do barco). Em agradecimento por sua generosidade, nós oferecemos este brinde a sua majestade e a sua corte (derrame pelo menos metade da garrafa de champagne no mar, observando o sentido de leste para oeste; o restante pode ser oferecido aos amigos que serviram de testemunhas)"
É usual que a cerimônia de batismo do novo nome seja executada imediatamente após o ato de purificação. Pode, no entanto, ser executada a qualquer tempo após esta cerimônia. Para o batismo, você irá necessitar mais champagne. Na verdade muito mais por que você terá mais alguns deuses para agradar.
Continue o batismo clamando por Poseidon como a seguir:
"Oh poderoso soberano dos mares e oceanos, a quem todos os barcos e nós que nos aventuramos em seus vastos domínios somos obrigados a prestar homenagens, lhe imploramos na sua imensa graça que registre nos seus livros esse valoroso barco, daqui em diante e para sempre chamado (insira o novo nome), guardando-o nos seus poderosos braços e tridente e garantindo sua segurança e breves singraduras através do seu reino. Em agradecimento por sua generosidade e grandeza, nós oferecemos este brinde a sua majestade e a sua corte (Nesse momento, derrame o conteúdo da garrafa de champagne menos uma taça para o capitão e uma taça para sua companheira, no mar, observando o sentido de oeste para leste)"
O próximo passo na cerimônia é para acalmar os deuses dos ventos. Isto lhe garantirá ventos favoráveis e mares calmos. Como os quatro ventos são irmãos, é razoável invocá-los ao mesmo tempo sem deixar de citá-los pelo nome.
Proceda conforme abaixo:
"Oh poderoso soberano dos ventos, sob cujo poder os nossos barcos atravessam indefesos a superfície dos mares, nós lhe imploramos que permita a este valoroso barco (insira o novo nome) os benefícios da sua generosidade, garantindo ventos de acordo com as nossas necessidades".
Olhando para o norte, derrame uma generosa porção de champagne em uma taça apropriada e, apontando para o norte declame: Oh Grande Boreas, soberano do vento norte, conceda-nos permissão para usar seus enormes poderes nas nossas singraduras, nunca nos submetendo ao açoite de seu sopro gelado (N.T.: aqui obviamente, o autor se refere ao vento norte gelado do hemisfério norte. Nós, no hemisfério sul, deveremos trocar os dizeres finais pelos do vento sul)
Olhando para o oeste, derrame a mesma generosa porção de champagne em uma taça apropriada e, apontando para o oeste declame: Oh Grande Zephyrus, soberano do vento oeste, conceda-nos permissão para usar seus enormes poderes nas nossas singraduras, nunca nos submetendo ao açoite de seu sopro selvagem
Olhando para o leste, derrame a mesma generosa porção de champagne em uma taça apropriada e, apontando para o leste declame: Oh Grande Eurus, soberano do vento leste, conceda-nos permissão para usar seus enormes poderes nas nossas singraduras, nunca nos submetendo ao açoite de seu sopro poderoso
Olhando para o sul, derrame a mesma generosa porção de champagne em uma taça apropriada e, apontando para o sul declame: Oh Grande Notus, soberano do vento sul, conceda-nos permissão para usar seus enormes poderes nas nossas singraduras, nunca nos submetendo ao açoite de seu sopro escaldante (N.T.: aqui obviamente, o autor se refere ao vento sul quente do hemisfério norte. Nós, no hemisfério sul, deveremos trocar os dizeres finais pelos do vento norte)
Use o restante da champagne para iniciar a celebração em honra da ocasião. Uma vez encerrada a cerimônia, você poderá trazer para bordo todos os itens que contenham o novo nome do barco. Se você tiver que pintar o novo nome no casco antes da cerimônia, assegure-se que este somente seja descoberto/revelado depois de encerrado o procedimento.
Por: Capt. Pat (http://www.boatsafe.com) traduzido e adaptado por João Carlos
terça-feira, 1 de janeiro de 2013
E a Izabel começou sua aventura!
Mensagem de Izabel Pimentel
“Lá pelos meus 20 anos, um dia, em plena praia de Copacabana, fiz uma promessa. Mas fiz a uma pessoa: Joshua Slocum. (O primeiro homem a velejar em solitário ao redor do mundo).
- Eu, Izabel Pimentel, darei a volta ao mundo!
Hoje mais de 26 anos depois, solto as amarras do meu veleiro Don e com a companhia da minha Ellen, partimos para a tão sonhada volta ao mundo.
Deixo amores, deixo empregos, deixo para trás tantas histórias. Mas com um belo sorriso e com o calor dos meus amigos parto feliz.
Minha volta do mundo começou e terminará na França, na Vila de Sète, Mar Mediterrâneo. Mas a volta Brasil - Brasil será sem escalas e sem assistência. A Volta ao Mundo acontecerá em torno de 5 meses.
Saio de Paraty rumo a África do Sul, atravesso o Índico em direção ao sul da Austrália, sul da Nova Zelândia. Atravesso o Pacifico e passo no respeitado Cabo Horn, para enfim voltar a Paraty.
Ousadia! Pode ser. Coragem, também; mas, na verdade, tudo se resume a uma única palavra: AMOR.
Amor ao mar; a estar ali. Amor ao que faço. Amor à arte que é navegar.
Que os bons ventos me levem e me tragam de volta. Vivendo cada esquina dessa aventura, com carinho, alegrias e muita disposição.
Bel”
Joshua Slocum
Joshua Slocum (Nova Escócia, 20 de fevereiro de 1844 – Desaparecido no mar em data próxima a 14 de novembro de 1909) foi um marinheiro, escritor e aventureiro, cidadão dos Estados Unidos da América, embora nascido no Canadá. Escreveu livros sobre suas aventuras e se notabilizou por ser o primeiro a velejar em solitário ao redor do mundo.
(Wikipédia).
Acompanhe a viagem nos sites:
http://www.jgpimentel.com.br/texto_especiallist.asp?key_m=51
http://www.izabelpimentel.com/