Amir Klink
Viajar de veleiro
A maravilha de se viajar de veleiro é que basta que se decida ir para algum lugar, tudo que se tem que fazer é levantar a âncora,içar velas e ir embora.Essa sensação de liberdade é fabulosa,é quase como ter asas e voar livremente,basta bate-las.Helio Setti Jr.
Tem que ir, ver e sentir!
"...Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu, para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor, e o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o seu próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver..."
Amir Klink
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Naufrágios na costa do Brasil
Sob as águas do oceano Atlântico, na costa brasileira, destroços de navios naufragados nos últimos 500 anos despertam a atenção de pesquisadores e a cobiça de caçadores de tesouros, que investem milhões de reais em buscas.
Apenas parte da história do fundo do mar do Brasil foi decifrada: dos prováveis 11 mil naufrágios, pouco mais de mil foram catalogados nos arquivos da Marinha. O levantamento particular do pesquisador paulistano
Marcello De Ferrari aponta 2.800 navios afundados documentados. Desses, no máximo 600 foram efetivamente descobertos.
Um dos problemas é a escassez de documentação, principalmente das embarcações mais antigas. O primeiro naufrágio oficial brasileiro, da nau de Gonçalo Coelho, de 1503, integrante de uma comitiva liderada por Américo Vespúcio, continua sendo um mistério.
Outro grande entrave às pesquisas é o alto investimento necessário. A exploração de um naufrágio pode chegar a custar US$ 45 mil (R$ 78 mil) por dia, dependendo das dificuldades do local.
Para caçadores de tesouro, o custo pode ser recompensado pelo valor dos objetos submersos. Mas esse interesse comercial preocupa arqueólogos, que vêem nos restos dos navios um patrimônio da humanidade.
Por conta da fiscalização insuficiente, parte das peças acaba nas mãos de exploradores ilegais. Na Marinha, existe só um responsável por acompanhar pesquisas por todo o litoral brasileiro, o arqueólogo Luiz Octavio Cunha.
O próprio acervo do Espaço Cultural da Marinha, no Rio de Janeiro -cerca de 2.000 peças-, corresponde a pouco mais de 20% do que foi resgatado oficialmente no país, isso sem contar a exploração irregular desconhecida. É possível ver no local de moedas raras de ouro a peças chinesas e japonesas de porcelana, equipamentos náuticos, canhões e jóias.
"Quem investe em uma pesquisa sempre quer algum retorno. É uma forma de incentivar as buscas", disse Cunha.
E o retorno pode ser grande. Um dos navios submersos em águas nacionais mais cobiçados é o Santa Rosa, afundado em 1726 no Nordeste, em um ponto ainda incerto. Acredita-se que a nau portuguesa saía de Salvador em direção à Europa com o equivalente a US$ 1 bilhão em ouro.
Há três anos, o empresário francês Denis Albanese iniciou a empreitada, auxiliado por firmas estrangeiras, para localizar o navio, mas, segundo ele mesmo, nada foi encontrado. "O Santa Rosa pode estar entre 500 metros e 4.500 metros de profundidade, o que torna quase impossível encontrá-lo. Mas não irei desistir", disse.
Albanese prepara-se agora para outra busca milionária: a do navio Rainha
dos Anjos, naufrágio ocorrido em 1722 na Baía de Guanabara. A embarcação levava, da China para Portugal, um carregamento de porcelana avaliado em US$ 450 milhões. Quando encontrada, a carga poderá ter seu preço multiplicado -o retorno deve ultrapassar o valor orçado para as buscas, US$ 2 milhões, de acordo com o próprio empresário.
Na contramão da caça aos tesouros, entidades como o Icomos (Conselho Internacional de Monumentos e Sítios) e a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) consideram o que está no fundo do mar como patrimônio da humanidade, que não pode parar nas mãos de aventureiros.
Neste sentido, é visto como o ideal retirar o menor número possível de
peças dos naufrágios, preservando o sítio arqueológico.
"O resgate de objetos não é arqueologia. Trabalhamos com o contexto", afirmou Gilson Rambelli, arqueólogo da USP (Universidade de São Paulo) e representante do Brasil no Icomos.
Francisco Alves, diretor do Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática de Portugal, tem a mesma opinião. "Os caçadores de tesouros agem como um legista que arranca os anéis de ouro e destrói o cadáver sem investigar a causa da morte."
Para Rambelli, o fascínio provocado pelo mistério do que existe no fundo dos oceanos, como tesouros e objetos valiosos, é o que impede a manutenção dos sítios subaquáticos intocados. "É um fetiche. Apenas com um trabalho longo de conscientização será possível diminuir o número de saques a naufrágios."
O sonho de encontrar riquezas praticamente destruiu o Príncipe de Astúrias, o Titanic brasileiro. Afundado em 1916 em Ilhabela (SP), um ano após o naufrágio mais famoso do mundo, o navio estaria carregando ouro, além de 447 passageiros e um número incerto de refugiados alemães da Primeira Guerra.
Na busca dessas riquezas, aventureiros usaram explosivos e destruíram parte do navio. Entre as peças da embarcação resgatadas está uma estátua de mulher, de quase dois metros de altura. Ainda existiriam outras 12 estátuas iguais dentro do Príncipe de Astúrias. O objeto foi resgatado pelo empresário grego Jeannis Michail Platon, que o entregou à Marinha.
Fonte: Agência Folha; Foto ilustrativa: Cylon Rosa Neto
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